quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017


Dois Modos de Andar

 

                            No seriado (detestável) O Toque de um Anjo, no fim de cada episódio, atualmente, a anja-velha, o anjo e a anja caminham por uma floresta, de costas, a anja trançando as pernas e o anjo andando reto.

                            Não se pode construir uma teoria cientifica com um exemplo apenas, é o caso de pesquisar continuamente, mas aqui vai a ponderação: as mulheres rebolam, os homens não. Julga-se que isso seja “para lançar charme”, apelo sexual (sex appeal), chamado feminino. Mas, por quê seria? Por quê balançar de um lado para o outro, colocar trabalhosamente um pé e uma perna diante do outro e da outra equivaleria a um convite? É certo que a bunda balança, o que atrai atenção, nisso é ressaltada, e naquela região está a vagina, onde o homem deve penetrar para depositar esperma (falando cruamente), em busca da gravidez e posteridade, que é o que a Natureza quer a qualquer custo.

                            Entrementes, podemos pensar que os homens devem ter um correr e um andar firmes, em busca da caça; não faria muito sentido ter um andar cíclico, bamboleante, de mínima economia – é muito mais útil caminhar reto, direto ao ponto, indo-se daquele onde está o caçador àquele onde está a presa. Seria tremenda bobagem ficar oscilando de um lado para ouro, de modo que o correr masculino é uma reta, e o andar também, VAI DIRETO AO PONTO. Mas, se as mulheres eram coletoras, não faz muito sentido caminhar reto, PORQUE não há pressa. Se o CÍRCULO DE COLETA é restrito (pois as crianças na caverna estão com fome ou choram de dor ou há o perigo constante dos predadores), para quê correr ou andar depressa ou ir em linha reta? Mais sentido faria as mulheres desenvolverem camuflagem, que veio dar nas pinturas e desenhos corporais gerais, nas técnicas de disfarces, para escapar dos predadores, como resposta alternativa para a incapacidade de correr. Contudo, sob pressão do perigo, elas devem necessariamente abandonar os disfarces e correr com vontade. Isso pode ser pesquisado, desde quando os sinais de perigo podem ser em testes postos no ambiente de corrida.

                            Está certo que o andar feminino tenha por objetivo focalizar o olhar masculino, mas ele deve ter também um fundo fisiológico, a que foi sobreposto o fundo psicológico, tudo dependente da lógica subjacente.

                            Vitória, domingo, 23 de março de 2003.

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