Capitalização
Na página 12 do
livro 2, Linguagem-Enunciação,
Enciclopédia Einaudi (não sei a cidade, Portugal, Imprensa Nacional – Casa da
Moeda, 1984, sobre original italiano), de passagem o autor fala em
“capitalização”, o que me levou às idéias seguintes.
No Aurélio
eletrônico século XXI é o “ato ou efeito de capitalizar”. Capitalizar é
“converter em capital”.
Veja, todo o
Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia,
Ciência/Técnica e Matemática) vai sendo permanentemente convertido em capital.
Tudo nas 6,5 mil profissões serve a esse ato permanente de capitalizar. Nada é
deixado de lado, tudo é arrastado. As PESSOAS (seis bilhões de indivíduos, mais
de um bilhão de famílias, sabem-se lá quantos grupos, dezenas de milhões de empresas)
e AMBIENTES (200 ou 300 mil municípios/cidades, quatro mil estados, 220 nações
e um mundo), tudo, absolutamente tudo, é escravizado pelo Capital (em maiúscula
conjunto ou família ou grupo de capitais). Os modos políticos passados
(Escravismo e Feudalismo de bom grado, achando-o mais sábio, além de cínico) e
os modos políticos futuros (Socialismo, Comunismo e Anarquismo de má vontade,
detestando-o como estúpido e insolente) rendem-se, de um modo ou de outro, uns
porque assim a desejam, a essa vassalagem abjeta, e outros dominados por punho
de ferro e bota de soldado. As (até agora identificadas) 22 tecnartes, toda a
pontescada tecnocientífica, as psicologias, as economias, tudo reza na cartilha
do Capital – capitaliza, de vontade própria, ou é capitalizado, amordaçado e
batido.
Assim, a
capitalização é o ato permanente de con-verter, con-vencer as consciências e as
in-consciências da propriedade do impróprio, isto é, de que a propriedade é
legítima, legal (quando legalizada, ainda por cima) e até benéfica e
humanizante.
Vê-se que a
capitalização é o processo de convencimento dos seres, é a capitulação diante
do Capital. Não é simplesmente produzir numerário, condições de trabalho
maquinal, fábricas e extrações de tarefas, é o processo de dominação, a
quietação das oposições, o que é feito de um milhão de modos, evidentes ou
sutis, toda a farsa monstruosa.
Vitória, sexta-feira,
14 de março de 2003.
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