segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017


Biografia Expandida

 

                            O modelo já colocou novas técnicas de elaboração de biografias e até de “enegrafias” (q.v. artigo com esse título no Livro 1). Resumindo, seria preciso traçar a Psicologia (traço da figura ou psicanálise; traço dos objetivos ou psico-sínteses; traço da produção ou economia; traço da organização ou sociologia; traço do espaçotempo ou geo-história) da PESSOA (indivíduo, família, grupo ou empresa) ou AMBIENTE (município/cidade, estado, nação ou mundo). Na Economia, da passagem do agente na agropecuária/extrativismo, nas indústrias, no comércio, nos serviços, nos bancos. Vá ler.

                            Agoraqui devemos falar de um duplo funil, um aberto para o passado e outro para o futuro. Evidentemente é possível rastrear o passado logo depois da morte do conjunto, mas quanto ao futuro devemos esperar um pouco mais. Com relação ao passado queremos saber o que influenciou, digamos, Hemingway, e com relação ao futuro que modificações a presença dele acarretou.

                            E no presente, quais eram os círculos dele (não especificamente aquele autor)? Amigos, namoradas, filhos e filhas, o que fez, onde esteve, o que leu, aonde foi, as brigas, os que se fizeram inimigos dele, problemas e confusões, relação com as finanças, visão de mundo, etc.

                            Para dizer logo tudo, as biografias feitas até agoraqui são bem primitivas, mesmo se não levarmos em conta as regras do modelo. Não há enquadramento correto. Não foram feitos estudos de técnicas biográficas comparadas, não se perguntou pelos objetivos – de dentro para fora e de fora para dentro -, não foram enquadradas as ligações com os modos políticos (Escravismo, Feudalismo, Capitalismo, Socialismo, Comunismo, Anarquismo), não posicionaram os conjuntos ambientais por suas afinidades políticadministrativas e suas oposições.

                            Enfim, as biografias são amontoadas de fatos sem maior capacidade extrativa das ligações dialógicas do biografado com o universo. Não há magicarte que a guie, nem muito menos tecnociência. São primárias suas elaborações, pouco frutíferos seus desdobramentos, e elas são mormente incompletas, por não comportarem essa dupla abertura para o passado e para o futuro. Como era o mundo antes de se apresentar o biografado; em que sua presença o mudou, em tudo, ou em qualquer fração?

                            Vitória, sexta-feira, 14 de março de 2003.

Nenhum comentário:

Postar um comentário