quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017


Blasfemo Averróis

 

                            Abu Al-Walid Muhammad Ibn Roshd (filho de Roshd), conhecido no Ocidente como Averróis, nasceu em Córdoba, Espanha, em 1126, e morreu em 1198, 72 anos entre datas. Sobre ter antecipado São Tomás de Aquino (italiano, 1225 a 1274, apenas 49 anos entre datas, mas tremendamente importante, meio de vida em 1250, comparada com o MD de Averróis em 1162, 1250 – 1162 apenas 88 anos entre ambos), orientado que foi para os estudos de Aristóteles, como conclusão errada em sua vida sustentava, segundo Conhecer XII (São Paulo, Abril, 1970), p. 3.056, que “as teorias do islamismo eram para as pessoas simples e que não chocavam com as de Aristóteles, segundo as quais a verdade e a perfeição só poderiam ser encontradas pela razão. Os simples adotariam o Alcorão, e os inteligentes, as teorias aristotélicas, sendo que as duas coisas, no fundo, eram uma só”. Ou o contrário. Talvez o Alcorão seja para as pessoas sábias e o aristotelismo para as pessoas simples.

                            Veja, supostamente Deus está na Tela Final, donde vê tudo e tudo pode, depois de ter dado o salto rumo ao não-finito, criando os mundos. Assim, SE o Alcorão provém mesmo de Deus, através de Gabriel, então há nele razões não-finitas, do jogo não-finito, que os racionais não podem entender, nem mesmo Aristóteles, nem mesmo Averróis, pelo que, ao falar assim ele se tornou blasfemo, insultador da divindade. Foi considerado herege, ateu, incrédulo, ímpio, e preso de 1195 a 1198 quando, posto em liberdade, veio a falecer.

                            Fez algumas coisas formidáveis, que comentarei à parte.

                            Eis como uma pessoa pode ser tão sábia e ao mesmo tempo errada. É claro que há a chance de o Alcorão não ter sido divinamente inspirado a Maomé, que apenas teria transcrito o ditado do arcanjo, mas se é assim ou não nunca saberemos, porque os racionais não podem atravessar o poço não-finito. Em todo caso foi imprudente, meramente por poderem existir os outros 50 %.

                            Vitória, segunda-feira, 28 de abril de 2003.

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