A Nova Lei
Feliz esse Stephen
Spielberg que pôde, desde o início, com Encurralado,
escrever uma biografia de sucessos cinematográficos, um após o outro. Agora,
depois de 11 de setembro de 2001, com a destruição das Torres Gêmeas do WTC,
World Trade Center, Centro Mundial de Comércio, em finais de 2002 levar às
telas dos cinemas o filme com Tom Cruise, Minoroty
Report, em português o título muito mais feliz de A Nova Lei.
Acontece justamente
que em virtude do atentado Bush e asseclas passaram no Congresso, sob pressão
da opinião pública, leis de restrição das liberdades constitucionais que
denunciam a futura opressão ditatorial crescente do povelite/nação americano.
As pressões reducionistas já começam a aparecer nos filmes, falando das
portarias que permitem abordar qualquer carro a qualquer tempo em todo lugar. A
liberdade de imprensa será condicionada, a Quinta Emenda sofrerá regulação, a
constituição mais aclamada do mundo perderá eficácia sob os novos costumes
tirânicos de Frankenstein Jr e seus continuadores, até que os militares se
apossem do poder, em 30 ou 40 anos.
O que Spielberg
pergunta é isto: e se for com você? Doar a liberdade alheia é fácil, é daqui
para ali, mas como Brecht perguntou certa vez, depois que levarem os
homossexuais, os judeus, os negros, as mulheres, os devassos, as crianças e
todo tipo de ofensa ao retrato da perfeição do dominante, quem nos defenderá?
A Nova Lei é a da
fascistização dos EUA. Sendo o país mais poderoso do mundo, 25 % da produção, para
um conjunto de cerca de 220 nações, contra outro tanto percentual da Europa dos
15 (divididos 25 % em 15 porções, média de 1,67 % do PIB mundial), obviamente
nada pode segurá-los. O resultado é não somente nova polarização, desta vez
opondo Europa e EUA, com a China, Japão e o eixo oriental correndo por fora
(mas unindo-se forçosamente à Europa, enquanto provavelmente a Rússia e a CEI
se juntarão ao antigo inimigo) na luta pela manutenção da democracia, como
também uma luta pela sobrevivência do direito de discordar.
O filme
extraordinário de Spielberg, mais a tradução felicíssima dos brasileiros, leva-nos
a compreender que há nos EUA uma Nova Constituição autorizando a prática dos
atos de terrorismo CONTRA O POVELITE AMERICANO, praticados pelos terroristas
provavelmente induzidos, se não contratados por farsa terrível, certamente
admitidos e facilitados, agora autorizados pelo Legislativo e levados adiante
pelo Executivo sob Bush, internamente com essa DIVISÃO DE PRÉ-CRIME do FBI (e,
assustador pensamento, externamente pela CIA), que julga e condena as pessoas
ANTES DO ATO, isso muda tudo. Muda a geo-história humana do modo mais completo
que houve até agora, antes da emergência do modelo.
Pois de agora em
diante as pessoas serão julgadas ANTES DE ACONTECEREM OS CRIMES, só por
pré-julgamento. Essa é a novidade incomensurável, colossal, desmedida,
desmesurada, gigantesca e assombrosa, espantosa, inquietante. Só
por pretenderem fazer as pessoas já serão culpadas. Quantas coisas que
pensamos fazer jamais foram feitas? Apontadas pela promotoria, julgadas pelo
júri, condenadas pelo juiz, executadas pelo carrasco NA AUSÊNCIA, in absentia,
as pessoas serão torturadas antes dos acontecimentos, pelo medo de serem
apanhadas delatando todos e cada um, como na Alemanha nazista.
Eis o que, de
passagem, A Nova Lei mostra, por
detrás da fábula admirável.
Vitória,
quinta-feira, 06 de fevereiro de 2003.
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