A Nova Divisão
Conforme anunciei, a
falta da do que chamei de Flecha Vermelha (a ex-URSS e seus satélites) fez a
Flecha Azul (os EUA e seus satélites) enlouquecer depois de 1991. Mais ainda, a
ausência dela levou à esperada e temida superconcentração das rendas em todas
as partes, com as burguesias endurecendo suas posições, o que fatalmente levará
a guerras sucessivas externas e, pior ainda, internas, porque neste caso os que
se defrontam tem o mesmo porte em termos de Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião,
filosofia/ideologia, Ciência/Técnica e Matemática).
De um lado os
burgueses não temem mais avançar rumo à superconcentração porque não há temor
externo. De outro lado os proletários, vendo que nenhum auxílio é prometido de
fora, acabam por lançar-se aos conflitos de próprio punho, com seus próprios
recursos.
Isso se pode sentir
como um alargamento do fosso que separa os ricos e médios-altos dos pobres e
miseráveis, estes se lançando à baderna e à pirataria desenfreada,
desacreditando dos mitos e das verdades tão longamente plantadas. Pipocamento
de novas religiões e seitas infindáveis, que no final é divisão temível,
descaso com a moral, perda dos valores ancestrais e familiares, dissociação
crescente das famílias, mortes e assassinatos, roubos e furtos em quantidades
incomparavelmente maiores, raptos, tudo isso que estamos vendo. Rapidamente
aparecerá o Homem Forte, o cara que dará fim a todas as brutalidades pequenas
com a grande brutalidade.
Como mostrei, logo
depois da Segunda Guerra mundial, naquele interregno de 23 anos que foi de 1945
a 1968, surgiram no Brasil (no mundo inteiro cada país apresentou sua solução)
os que transpuseram o fosso, unindo povo e elites em povelite ou nação. Na
música quem fez isso foi João Gilberto, ápice de um grupo. Agora não há quem
deseje encampar essa reunião, razão pela qual a desunião prospera e viceja.
Coisas horríveis estão acontecendo. Não que aquele conflito vai-não-vai, todo
aquele medo contínuo fosse melhor. Não era. Mas o que estamos vendo caminha para
ser pior.
Vitória,
segunda-feira, 03 de março de 2003.
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