sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017


A Moeda do Futuro

 

                            Nosso amigo CUF, o Soneca, me lembrou que eu disse há três anos na casa de nosso amigo PACOS que o Euro, então recém lançado, seria a moeda do futuro. Isso foi antes da Guerra do Iraque, quando a Europa foi novamente redividida pela insídia americana e despedaçou-se no bate-boca anglo-francês.

                            A astúcia americana é grande e deve ser respeitada.

                            Aquele foi um anúncio sentimental a que devemos antepor agora a razão, isto é, o estudo das causas que podemos ver no passado e dos efeitos que podemos presumir para o futuro.

                            Que é que qualifica uma moeda para assumir a posição de trânsito universal? O modelo nos diz que ela deve ser de livre aceitação psicológica/p.2 (pelas figuras ou psicanálises; pelos objetivos ou psico-sínteses; pelas produções ou economias; pelas organizações ou sociologias; pelos espaçotempos ou geo-histórias). Deve ser confortável às pessoambientes (PESSOAS: indivíduos, famílias, grupos, empresas; AMBIENTES: municípios, estados, nações e mundo), isto é, trazer-lhes comodidade, conforto, que está ligado à Bandeira da Proteção (comodidade no lar, comodidade no armazenamento, comodidade na saúde, comodidade na segurança, comodidade no transporte). Com relação ao transporte (tanto aceitável em qualquer modalidade deste quanto na facilidade de transportar, de levar), não poderia ser uma daquelas moedas circulares de pedra, que pesavam vários quilogramas. Com relação ao armazenamento, tanto no sentido de ser fácil de guardar quando no de comprar em supermercados e em qualquer loja, deve ser algo fácil de lidar: as que temos de metal, de papel, de cartão, eletrônicas são todas fáceis de manipular, porisso nenhuma leva realmente vantagem neste quesito.

Devemos proceder a todas essas análises e sínteses.

                            Acima de tudo ela precisa ser CONFIÁVEL, objeto de confiança total, de aceitação. Isso pressupõe grande estabilidade de todos os conjuntos pessoambientais, especialmente da nação que a emite. Por exemplo, os EUA têm uma constituição firme desde 1776, mais de 200 anos, com as transferências de poder presidencial se dando sem qualquer trauma, o que a Europa não pode oferecer, com tantos golpes e guerras. Aqui o dólar leva nítida vantagem sobre as moedas européias precedentes e mesmo sobre o Euro, embora a reunião dos países num fórum comum nos garanta que não existam mais guerras entre eles. Poderíamos esperar 200 anos se conflitos internos por lá? Dificilmente. Nos EUA há poucos traumas internos.

                            E externos? O lançador, o que banca a moeda, deve ser forte, capaz de enfrentar as mais difíceis situações sem sucumbir diante dos adversários e até inimigos. A China foi invadida pelo Japão, o Japão foi bombardeado com duas bombas atômicas, a Alemanha foi devastada, de forma que dificilmente esses países terão uma moeda internacionalmente aceita.

                            Não pode ser nação periférica, de terceiro ou quarto mundo, porque essa não merece respeito de ninguém, como alguns países da África, devastados por epidemias, por guerras de tribos e etnias, pessimamente conduzidos por suas elites.

                            A moeda deve ser resgatada prontamente, sem tergiversações, sem protelações, sem postergações, sem desculpas, sem evasivas: apresentou, recebe o pretendido. Ou seja, moeda lastreada (não mais em ouro, desde Nixon, mas em conversão na moeda nacional enviada ou em produtos). Isso pressupõe economia extremamente competente.

                            Inflação pequena, menor que a da nação demandante, porque a moeda forte é objeto de especulação desenfreada (e os especuladores, tendo DINHEIRO DOS OUTROS de sobra, podem manipular a imprensa e o coletivo politicadministrativo governempresarial).

                            Resumindo, até agora:

1.       Livre aceitação psicológica (em todos os setores da Economia: pela agropecuária/extrativismo, pelas indústrias, pelo comércio, pelos serviços, pelos bancos) – como escrevi no modelo o dólar vai gerar futuramente o que denominei Inferno Econômico, vá ler;

2.      Conforto ou comodidade de transporte e manipulação;

3.      Confiabilidade;

4.     Firmeza no enfrentamento dos problemas;

5.      Nação central, do primeiro ou segundo mundos, de preferência o primeiro (o Brasil não pode pretender lançar moeda internacional antes de ser primeiro mundo);

6.     Resgate pronto dos valores;

7.      Pequena inflação, que evite a deterioração dos valores representados.

A Europa se encaixa em 1, 2, 5, 6 e 7, mas deixa a desejar em 3, confiança, e 4, firmeza. Naturalmente os EUA respondem bem a tudo isso. Então, o TRÂNSITO GEO-HISTÓRICO é fundamental na sintanálise da nação emitente. O que ela fez, faz e fará, quando deparou, depara e deparará com as situações, é importantíssimo. Se os EUA tivessem titubeado depois do 11 de setembro de 2001, com a destruição do WTC (World Trade Center, Centro Mundial de Comércio) em Nova Iorque, teria sido o fim progressivo do dólar.

Há mais índices, mas podemos ficar por aqui, embora seja importante vistoriar todas as palavras relevantes do dicionário PORQUE a moeda é UMA CONSTRUÇÃO PSICOLÓGICA, como todas as outras, só que muito mais difícil. Aceitação não é nada fácil.

Daí que embora o Euro, na minha opinião de três anos atrás, se desenhasse como a moeda do futuro, tendendo a substituir o dólar verde (mas encontrando muito mais dificuldade com o dólar negro, que vai ser a causa daqueles problemas desenhados no texto mencionado), acredito agora que essa possibilidade foi substancialmente fragilizada, frente à debilidade européia na questão da presente guerra. Os EUA souberam desmontar preventivamente o futuro europeu. Palmas para os Estados Unidos, ainda que tenham sido as lideranças americanas canalhas, e vaias para os idiotas da Europa. A chance desta foi para o brejo, que outro postulante se apresente.

Vitória, sábado, 05 de abril de 2003.

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