A Moeda do Futuro
Nosso amigo CUF, o
Soneca, me lembrou que eu disse há três anos na casa de nosso amigo PACOS que o
Euro, então recém lançado, seria a moeda do futuro. Isso foi antes da Guerra do
Iraque, quando a Europa foi novamente redividida pela insídia americana e
despedaçou-se no bate-boca anglo-francês.
A astúcia americana
é grande e deve ser respeitada.
Aquele foi um
anúncio sentimental a que devemos antepor agora a razão, isto é, o estudo das
causas que podemos ver no passado e dos efeitos que podemos presumir para o
futuro.
Que é que qualifica
uma moeda para assumir a posição de trânsito universal? O modelo nos diz que
ela deve ser de livre aceitação psicológica/p.2 (pelas figuras ou psicanálises;
pelos objetivos ou psico-sínteses; pelas produções ou economias; pelas
organizações ou sociologias; pelos espaçotempos ou geo-histórias). Deve ser
confortável às pessoambientes (PESSOAS: indivíduos, famílias, grupos, empresas;
AMBIENTES: municípios, estados, nações e mundo), isto é, trazer-lhes comodidade,
conforto, que está ligado à Bandeira da Proteção (comodidade no lar, comodidade
no armazenamento, comodidade na saúde, comodidade na segurança, comodidade no
transporte). Com relação ao transporte (tanto aceitável em qualquer modalidade
deste quanto na facilidade de transportar, de levar), não poderia ser uma daquelas
moedas circulares de pedra, que pesavam vários quilogramas. Com relação ao
armazenamento, tanto no sentido de ser fácil de guardar quando no de comprar em
supermercados e em qualquer loja, deve ser algo fácil de lidar: as que temos de
metal, de papel, de cartão, eletrônicas são todas fáceis de manipular, porisso
nenhuma leva realmente vantagem neste quesito.
Devemos proceder a todas
essas análises e sínteses.
Acima de tudo ela
precisa ser CONFIÁVEL, objeto de confiança total, de aceitação. Isso pressupõe
grande estabilidade de todos os conjuntos pessoambientais, especialmente da
nação que a emite. Por exemplo, os EUA têm uma constituição firme desde 1776,
mais de 200 anos, com as transferências de poder presidencial se dando sem
qualquer trauma, o que a Europa não pode oferecer, com tantos golpes e guerras.
Aqui o dólar leva nítida vantagem sobre as moedas européias precedentes e mesmo
sobre o Euro, embora a reunião dos países num fórum comum nos garanta que não
existam mais guerras entre eles. Poderíamos esperar 200 anos se conflitos
internos por lá? Dificilmente. Nos EUA há poucos traumas internos.
E externos? O
lançador, o que banca a moeda, deve ser forte, capaz de enfrentar as mais
difíceis situações sem sucumbir diante dos adversários e até inimigos. A China
foi invadida pelo Japão, o Japão foi bombardeado com duas bombas atômicas, a
Alemanha foi devastada, de forma que dificilmente esses países terão uma moeda
internacionalmente aceita.
Não pode ser nação
periférica, de terceiro ou quarto mundo, porque essa não merece respeito de
ninguém, como alguns países da África, devastados por epidemias, por guerras de
tribos e etnias, pessimamente conduzidos por suas elites.
A moeda deve ser
resgatada prontamente, sem tergiversações, sem protelações, sem postergações,
sem desculpas, sem evasivas: apresentou, recebe o pretendido. Ou seja, moeda
lastreada (não mais em ouro, desde Nixon, mas em conversão na moeda nacional
enviada ou em produtos). Isso pressupõe economia extremamente competente.
Inflação pequena,
menor que a da nação demandante, porque a moeda forte é objeto de especulação
desenfreada (e os especuladores, tendo DINHEIRO DOS OUTROS de sobra, podem
manipular a imprensa e o coletivo politicadministrativo governempresarial).
Resumindo, até
agora:
1. Livre aceitação psicológica (em todos
os setores da Economia: pela agropecuária/extrativismo, pelas indústrias, pelo
comércio, pelos serviços, pelos bancos) – como escrevi no modelo o dólar vai
gerar futuramente o que denominei Inferno
Econômico, vá ler;
2. Conforto ou comodidade de transporte e
manipulação;
3. Confiabilidade;
4. Firmeza no enfrentamento dos
problemas;
5. Nação central, do primeiro ou segundo
mundos, de preferência o primeiro (o Brasil não pode pretender lançar moeda
internacional antes de ser primeiro mundo);
6. Resgate pronto dos valores;
7. Pequena inflação, que evite a
deterioração dos valores representados.
A Europa se encaixa em 1, 2, 5, 6 e 7,
mas deixa a desejar em 3, confiança, e 4, firmeza. Naturalmente os EUA
respondem bem a tudo isso. Então, o TRÂNSITO GEO-HISTÓRICO é fundamental na
sintanálise da nação emitente. O que ela fez, faz e fará, quando deparou,
depara e deparará com as situações, é importantíssimo. Se os EUA tivessem
titubeado depois do 11 de setembro de 2001, com a destruição do WTC (World
Trade Center, Centro Mundial de Comércio) em Nova Iorque, teria sido o fim
progressivo do dólar.
Há mais índices, mas podemos ficar por
aqui, embora seja importante vistoriar todas as palavras relevantes do
dicionário PORQUE a moeda é UMA CONSTRUÇÃO PSICOLÓGICA, como todas as outras,
só que muito mais difícil. Aceitação não é nada fácil.
Daí que embora o Euro, na minha
opinião de três anos atrás, se desenhasse como a moeda do futuro, tendendo a
substituir o dólar verde (mas encontrando muito mais dificuldade com o dólar
negro, que vai ser a causa daqueles problemas desenhados no texto
mencionado), acredito agora que essa possibilidade foi substancialmente
fragilizada, frente à debilidade européia na questão da presente guerra. Os EUA
souberam desmontar preventivamente o futuro europeu. Palmas para os Estados
Unidos, ainda que tenham sido as lideranças americanas canalhas, e vaias para
os idiotas da Europa. A chance desta foi para o brejo, que outro postulante se
apresente.
Vitória, sábado, 05 de abril de 2003.
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