terça-feira, 7 de fevereiro de 2017


A Europa Derrotada

 

                            O que seria depois a União Européia começou com a Comunidade Européia do Carvão e do Aço, CECA, criada a 18 de abril de 1951, caminhando para a união definitiva com o Tratado de Maastricht, assinado em fevereiro de 1992, efetivando-se em 1993 e completando-se com a implantação da moeda única, o Euro, em 1999. Eram nove, passaram a 12 países, depois a 15 e estão caminhando para acrescentar mais e mais (até 27, no planejamento atual).

                            Mesmo com 15 já rivalizam com a produção dos 50 estados dos EUA, quando estes já detiveram 45 % da renda mundial depois da Segunda Guerra, agora estando reduzidos a uns 25 %, recorrendo ao Canadá e ao México para ir além da Europa. Está “pau a pau” a competição, como diz o povo, ora uma cabeça na frente, ora outra, seria interessante investigar em detalhes.

                            A coisa toda ia bem (nosso amigo CUF lembrou que eu disse há uns três anos que o Euro seria a “moeda do futuro” – de fato, até agora ultrapassou o dólar, quando antes, na implantação, estava em queda, parecendo então incapaz de firmar-se) até essa tal Guerra do Iraque,  quando a Grã-Bretanha alinhou automaticamente ao lado dos EUA - o filho querido, o xodozinho da mamãe – e houve um bate-boca terrível entre o Reino Unido e a França, levando a que a União Européia por um nada quase fosse “pras cucuias”, como o povo expressa tão bem.

                            É fantástica a capacidade americana de arrebentar com o projeto dos outros. Nada parecia poder dilacerar a Nova Europa, depois de tantos séculos de tentativas de reunião desde a queda do Império Romano do Ocidente em 476, mil e quinhentos anos de rebentação. Bastou uma cunha bem cravada e a recém-constituída União estourou em pedacinhos que se acusam uns aos outros. Está bem claro que a Grã-Bretanha é mais americana (um 51º estado) que européia. É impressionante como o jogo americano de divisão, como antes o romano, ainda consegue “dividir para reinar”, colocando todos contra todos e cada um contra todos os demais.

                            Por enquanto eles parecem invencíveis.

                            Mas só parecem.

                            Nem sei se vale a pena combater um poder que tem essa utilidade tremenda de por enquanto conseguir ir levando e que, afinal de contas, tem essa vitalidade, ainda que dúbia, de promover os rachamentos. Quem pode combater sem rir esse poder tremendo?
                            Vitória, quinta-feira, 03 de abril de 2003.    

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