Supercondutores no
Espaço
Em seu livro, Visões
do Futuro (como a ciência revolucionará o século XXI), Rio de Janeiro, Rocco,
2001, Michio Kaku, mesmo autor de Hiperespaço, avança previsões até 2020, até
2050, 2100 e além.
No capítulo 13, p.
318 e ss., O Futuro Quântico, subcapítulo Supercondutores à Temperatura
Ambiente: O Santo Graal, ele fala das tentativas de produzir ligas
supercondutoras de eletricidade à temperatura ambiente, que deve ter uma média
mundial de uns 25° C, que dá perto de 300° K, sendo o zero absoluto, O° K = -
273,13° C.
Tudo
começou quando Heike Kamerlingh descobriu em Leiden em 1911 que o mercúrio
perdia toda resistência à passagem dos elétrons em 4,2° K, o que está bem perto
do zero absoluto. Em 1986 houve um “espetacular avanço” quando K. Alexander
Muller e J. Georg Bednorz, do IBM Research Laboratory conseguiram uma cerâmica
supercondutora a 35 graus acima do zero absoluto (- 238° K). Depois disso
Maw-Kuen Wu e Paul Chu obtiveram materiais a – 180° C, pertencendo o recorde, à
época em que o livro foi escrito, 1997, a Andreas Schilling e colaboradores do
Instituto Federal Suíço, com ligas a – 139° C, embora resultados esporádicos
não-comprovados falem em – 23°C.
E isso é uma luta
infernal, porque logo no começo era preciso obter e manter as baixíssimas
temperaturas à custa de muito nitrogênio e hélio líquidos. Resta ainda, mesmo
para os anúncios não-comprovados, um salto de 50° c, entre – 23° e + 27° C. E
isso seria o tal Santo Graal, a meta persistente.
A questão vem a ser
a seguinte: já existe um lugar onde a temperatura é tão baixa quanto se queira,
onde a radiação de fundo está a apenas 3° K – é o espaço sideral. Com grande
calor de um lado do anteparo, vindo do Sol, com a conversão fotovoltaica
podendo gerar toda eletricidade requerida, com a possibilidade de enviar
supercomputadores para o espaço através de foguetes, com a facilidade de
dialogar com eles a partir da Terra, enviando-lhes programas e pedidos de
computação, o próprio supercomputador corrigindo as rotas, QUAL O SENTIDO de
perseguir essas ligas de altas temperaturas relativas? Claro, adquiriremos mais
conhecimento, e isso sempre é bem vindo.
Mas,
primordialmente, as principais potências espaciais (EUA, Rússia, Europa, Japão,
China e até mesmo o Brasil) podem enviar máquinas relativamente pequenas que,
nas condições frigidíssimas do espaço, terão suas ligas aqui impróprias
funcionando com correntes elétricas à velocidade da luz, todo e qualquer calor
residual escapando para a vizinhança.
E isso sem a
presença de um único astronauta ou cosmonauta, exceto na eventual necessidade
de troca de peças (com redundância e até dupla redundância isso seria mitigado)
em casos de panes muito graves, a partir da Estação Internacional, ou até em
missões especiais. Ou enviando outra máquina.
Claro, satélites
podem ser atingidos por foguetes em tempo de guerra, e isso preocuparia
tremendamente os militares, que prefeririam tê-los sob montanhas imensas e
intransponíveis. Mas, comercialmente, a solução é tão simples quando isso.
O lugar apropriado
para escorá-los poderia ser os velhos satélites desativados que estão aos
milhares rodeando a Terra, o chamado “lixo espacial”.
Vitória, terça-feira,
09 de abril de 2002.
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