Que Doideira!
Durante
minha vida inteira de memórias (desde os quatro, 57 anos) sempre fui injuriado,
sempre zombaram de mim e foi preciso grande dose de indulgência, extrema
competência em tolerar os acalantos ou afagos do chicote. Também, estava sempre
distraído pensando, coisa miúda não incomoda tanto, mas a persistência no mesmo
ponto durante décadas atrapalha um pouco, não vou negar.
Sempre me
chamaram de doido.
No Fisco,
por enfrentar as chefias e outras coisas.
Contudo,
como já disse, não bati em mulheres nem em crianças, não parei em filas duplas,
não minto, não falsifico, não traio nem os inimigos.
Depois o
doido sou eu!
Dizem que
sou maluco, mas não desviei verbas, não subverti (embora tivesse grande vontade
de guerrear contra o capitalismo desabonador de quase todos), não entreguei,
não corrompi, não consumi drogas (fora maconha, pouca, quando me ofereciam,
junto com os amigos, umas tantas vezes, umas 10, se tanto), nem muito menos
drogas injetáveis, não participei de bandalheiras sexuais, não roubei nem
furtei de pessoas. Bebi bastante, poucas vezes demais. Não cometi atrocidades,
não violentei mulheres, não matei (não contando baratas, moscas e mosquitos –
sequer ratos), obedeci aos 10 mandamentos (embora fosse agnóstico, depois ateu,
dos 18 aos 43 anos), não roubei no peso, não diminui o tamanho das varas de
ferro e assim por diante. Não tomei pedaços dos lotes alheios, não deixei de
pagar as taxas e os impostos.
Então, para
ser doido neste mundo é preciso que o mundo seja completamente maluco, como é.
E é isso que
falta, uma análise mais ou menos geral, mais ou menos pormenorizada das monstruosidades
deste mundo do cão. Um ou vários livros, uma investigação de todas as
anormalidades, todas as deformidades de nossa espécie – como dizem as crianças
agora, doidaraça! Muito doida, de fato.
Serra,
sexta-feira, 13 de novembro de 2015.
GAVA.
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