quinta-feira, 1 de dezembro de 2016


Idade Mídia

 

Desde julho de 1992 sem assistir TV de vontade própria – só quando obrigado por estar em presença de algum aparelho ligado – venho passando ao longe de toda agitação que o falatório inconsequente das apresentadoras matinais provoca na audiência auto incapacitada de raciocinar, pessoas que decidiram se castrar das potências humanas racionais.

Elas vibram na padaria com o blábláblá redutor. Acreditam naquelas asneiras, anseiam por elas, se agitam com elas.

Não apenas a TV, a restante mídia também (Rádio, Revista, Jornal, Cinema, Internet, Livro), da qual somente a Web um tiquinho e os livros bastante é que dão independência e fazem ajuizar.

Poucos querem pensar, a triste conclusão é esta.

Estamos nesta Idade Mídia, a Idade Média destes tempos da substituição do pensar próprio pelo pensar alheio, a que quase todos se rendem com fervor. Na outra Idade Média o camponês, mesmo não tendo dados e informações, sentava no banquinho e podia com a sobra de tempo imaginar qualquer coisa, a soma de décadas e séculos acabando por constituir novidade, embora a gente saiba que quem pensa mesmo é o criador, o gênio.

Hoje a maioria das PESSOAS (indivíduos, famílias, grupos, empresas) FAZ QUESTÃO de não pensar e tem muito mais instrumentos protetores para isso, inclusive museus, praças, parques, gente aos montes que ajuda a evitar esse terrível perigo que é a aproximação da meditação. É uma espécie de ESCUDO, um seguro de vida contra essa amedrontadora e terrível peste que é o refletir: milhares de filmes, seriados, jornais de TV e tudo mais da mídia geral, menos os livros e bastante mais da www.

Sujeição completa ao irracional. Suspeição integral em relação à concentração, à investigação. Perigo, perigo, perigo, as pessoas fogem dela como o diabo da cruz.

Então, é prato cheio, juntou a fome de não raciocinar com a vontade de evitar e deu no que deu, o mundo cheio da riqueza quase absoluta das informações sem quase ninguém que as aprecie.

Infelizmente não posso produzir livro sobre o fenômeno, as linhas de procura que já tenho são demasiadas para eu conseguir dar conta.

Serra, sexta-feira, 13 de novembro de 2015.

GAVA.

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