Borboleta Pequenina
No disco da Marisa
Monte, Mais, selo EMI, s/d, há uma música, Borboleta, do folclore nordestino,
como sempre em grande interpretação dela. Rende uma peça introdutória de
teatro.
Uma primeira
apresentação, singela, como essa, de uma crooner, uma cantora isolada, uma
solista, com um violão nas sombras. Quando ela terminar e se inclinar e parecer
que vai embora, volta e recomeça, mas agora entram os sopros. Depois, numa
terceira, os tambores, e vão entrando todos os instrumentos, uma verdadeira
orquestra.
Na platéia, pessoas
que estavam sentadas, atores e atrizes, vão tirando as roupas e indo para o
palco. Podem até estar envolvidas em roupas imitando as lagartas, debaixo delas
saindo as borboletas em metamorfose humana. Um convite, certamente.
Então todo o teatro
vibra em sons de caixas instaladas. Devem ser centenas, todas concatenadas com
os intérpretes presentes.
Aí, de repente,
chovem pétalas de rosas e flores silvestres brasileiras, as paredes cobertas do
teatro desdobrando-se em cores. Por último as portas todas se abrem, sugerindo
um desnudamento total humano, uma pluralidade de gestos e comunhões.
Vitória,
sexta-feira, 26 de julho de 2002.
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