A Iluminação de
Trumann
O filme Trumann, O Show da Vida, com Jim Carrey, foi
objeto de troça ou foi ignorado pela imprensa e os críticos, que, é óbvio, não
entenderam bulhufas, como na maior parte do tempo. Eles querem ser diferentes
para obter destaque e assim passam ao largo das coisas simples e diretas, que
realmente demonstram melhor as oportunidades do mundo.
Logo de início,
Trumann é semelhante a true/man, homem
verdadeiro no inglês. Isso todos viram.
Depois, Trumann, de
início um alegre boboca, vai percebendo aos poucos estar enredado numa rede de
mentiras, que é o próprio mundo. A capacidade de percepção dele é nitidamente
maior que da maioria dos humanos. Mesmo todos sendo no filme atores contratados
pelo Autor, que é o Grande Chefe na cúpula de controle ou comunicação, apesar
de todos serem atores mancomunados para evitar que Trumann perceba, ele saca a
jogada mesmo assim, a partir de indícios – a humanidade, pelo contrário, nada
percebe.
Quando cai o spot ou
ponto de iluminação, quando as cenas se repetem, tudo isso vai se somando na
cabeça de Trumann, de modo que para o fim ele decide enfrentar o mar (do qual
tem medo pânico) = MAL, na Rede Cognata, e com medo ou não ele vai em frente,
apesar das ofertas do Chefão para um acordo, ou seja, apesar das tentações ele
também venceu, como Jesus e Buda.
Finalmente Trumann
descobre os limites da farsa, chega ao Céu e vê que tudo não passa mesmo de
farsa. É, portanto, iluminado. Encontra a saída, sem a ajuda de ninguém e até
com o desfavor geral.
Os críticos nada
perceberam, é lógico, como em tantos filmes.
Assim, resta por aí
uma infinidade de filmes que a imprensa não soube criticar mais que no nível
mais superficial, quando existem quatro níveis de observação, fora o
matemático. O chato é que tudo fica por conta dos orgulhosos, os tolos. Que
ficam por aí verborrando besteiras, a título de crítica.
Vitória, domingo, 30
de junho de 2002.
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