A Fábrica foi para a
Bahia. É Ford!
Não sei que custos
gerais a gente teria que pagar para ter essa fábrica da Ford no ES, mas em todo
caso ela foi para a Bahia – US$ nada desprezíveis quatro bilhões. Claro que
ACM, Antônio Carlos Magalhães, dito Toninho Malvadeza era então personalidade
central no Congresso, enquanto senador, e os políticos baianos são de longe
mais antigos, poderosos, representativos e operantes que os capixabas, mas
mesmo assim foi um choque.
Desde 1985 eu vinha
pedindo uma fábrica de automóveis, junto com uma Usina de Processamento de
Petróleo, e outras coisas, a partir dos jornais de Linhares, onde eu estava à
ocasião.
Os políticos
linharenses cometeram uma asneira semelhante com a que seria hoje a Linhares
Celulose, e se chama Aracruz Celulose, essa potência mundial, que praticamente
sozinha arrecada mais ICMS que Linhares inteira. Acho que arrependimento mata
mesmo, porque o ex-prefeito que (não) fez isso está prefeitamente morto, e
literalmente enterrado.
Por quê o ES não é capaz
de atuar em bloco, em defesa dos interesses do povo e das elites capixabas?
Há essa vergonha de
ser brasileiro, e essa outra, maior ainda, de ser capixaba. Parece que bom é
ser baiano, carioca, paulista, pernambucano, rio-grandense, brasiliense, etc.,
menos capixaba. Não acho, estou muito satisfeito em ser capixaba e brasileiro,
apesar de todas as minhas críticas, que são acerbas. Falo em sair daqui, mas é
só da boca para fora.
Mas como
compatibilizar essa vontade de ficar com a antiga declaração de que o Brasil é
o país do futuro, de Stephen Zweig, e de que Deus é brasileiro, de algum
anônimo? O futuro nunca chega, é lógico, é sempre hoje, e se Deus é brasileiro
deve ter ficado de saco cheio e mudado para algum país civilizado, onde as
elites incompetentes e os governantes e políticos totalmente desnorteados daqui
não estejam, nem possam chegar.
Qual a razão dessa
gente toda, todas as lideranças não fazerem um Fórum Capixaba de Desenvolvimento, reunindo todos os poderes e
forças vivas da sociedade numa única direção e sentido, promovendo esse
esperadíssimo salto autônomo rumo à alta tecnociência e ao altíssimo
conhecimento?
O quê dizer a esse
povo e essas elites que esperaram até 1975 só para ter liberada a passagem
norte-sul em Sooretama, ligando o Nordeste ao Sudeste? O quê falar a toda essa
gente que, diferentemente dos 500 mil capixabas que migraram, nunca saiu daqui,
continuando a acreditar durante os piores tempos, e mais ainda às pessoas que
vieram e passaram a amar esta terra, apesar do morticínio, da falta geral de
tratamento de esgoto e água servida, da falta de abatedouros, dos lixões, de
toda a insegurança?
O governador vai a
Vila Velha esperar o presidente da República FHC para inaugurar um reles
terminalzinho portuário para petróleo, que deve estar em décimo quinto milésimo
lugar no mundo.
É de irritar, viu!
Enquanto isso foram
inauguradas fábricas de automóveis e caminhões na Bahia, no Paraná (duas), no
Rio de Janeiro (duas) e saibam-se quantas mais.
Como em toda parte
devem morrer muitos moradores do ES de problemas do coração, mas deve ser
relativamente pouco, levando em conta as nossas contínuas decepções com os
políticos e governantes daqui.
Vitória,
quinta-feira, 11 de abril de 2002.
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