quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017


Quem Garante?

 

                            Por conta dessa guerra dos EUA contra o Iraque e tudo que a imprensa mostrou, logo no início entrevistaram uma menina duns dez anos, que fez essa pergunta: “quem garante que depois os EUA não atacarão o Brasil? ”; ou qualquer outro país?

                            Isso é motivo para fazer uma grande sintanálise, da qual colocarei aqui apenas traços, mas a pergunta estaria na capa de um imenso livro de Psicologia (figuras ou psicanálises, objetivos ou psico-sínteses, produções ou economias, organizações ou sociologias, espaçotempos ou geo-histórias).

Existem redes imensas para cada um desses elementos, digamos as FIGURAS das PESSOAS (indivíduos, famílias, grupos, empresas) e dos AMBIENTES (municípios/cidades, estados, nações e mundo). Imagine a rede que liga as empresas de todo o mundo. O fio geral que liga as empresas dos EUA com as empresas do Iraque é relativamente tênue, mas a relação entre os EUA e o Brasil é composta de muitos fios, uma corda gigantesca, e mais ainda aquele país e a França, digamos. Também há os laços que unem os poderes (Executivo, Legislativo, Judiciário) de um e outro lado. Depois, o Brasil, embora relativamente pequeno (EUA, Canadá e México, compondo o NAFTA devem ter uns 35 % da renda mundial; a Europa dos 15 cerca de 25 %; o Japão uns 15 % - de forma que esses 19 países juntos ficam com uns 75 % de tudo, restando aos outros duzentos os 25 % que sobram, dos quais um décimo, 1/10 ou 2,5 % sendo do Brasil, 1/40 do mundo) não é insignificante.

                            A seguir há a floresta amazônica, que é origem de muito do biopatrimônio da Terra, hoje, cobiça geral, que por si só levaria a uma guerra planetária, se ameaçada de ocupação unilateral. Há a vizinhança, que se meteria de permeio, como nós também a defenderíamos, à América do Sul, no caso de ataque. Se atacado o Brasil poderia meter-se em guerrilhas que manteriam as chamas acesas nas florestas por décadas, do jeito que os militares são doidos. Ademais, o Brasil não é exatamente um pobretão em tecnociência, ainda que dependente – um conflito faria nossa T/C dar saltos rumo à independência. E assim por diante, poderíamos raciocinar por horas, num exercício muito gostoso e ilustrativo, por sinal.

                            Bem, posto isso, NINGUÉM GARANTE, de fato, porque se os EUA não atacaram a URSS enquanto essa existiu, nem a China, que tem bombas atômicas, nem ninguém realmente ataca de frente o pequeno Israel (que tem de área somente 20.700 km2 e de população em 2001 apenas 6,2 milhões), frente a nações islâmicas muito mais populosas e incomparavelmente maiores em tamanho, é porque, segundo dizem, aquela nação dispõe de 400 MÍSSEIS NUCLEARES HABILITADOS PARA DISPARO, a qualquer instante, o que vaporizaria todas as nações árabes instantaneamente, acabando com quase todo o 1,3 bilhão de muçulmanos.

                            O Brasil só estaria defendido realmente se fosse uma potência nuclear (bombas atômica e nuclear, de cobalto, e outras mais recentes) ou tivesse poderio ainda mais central no desenho do universo. Na falta disso ninguém garante, mesmo.

                            Acontece que é isso que as nações começarão a pensar, vendo os EUA de depois da guerra contra o Iraque como o agressor potencial que eles realmente se tornaram; com isso vão pipocar as alianças e será disparada novamente a corrida militar, especialmente a nuclear. As nações não vão mais confiar. É o fim e uma era.

                            Vitória, quinta-feira, 27 de março de 2003.

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