Quem Garante?
Por conta dessa
guerra dos EUA contra o Iraque e tudo que a imprensa mostrou, logo no início
entrevistaram uma menina duns dez anos, que fez essa pergunta: “quem garante
que depois os EUA não atacarão o Brasil? ”; ou qualquer outro país?
Isso
é motivo para fazer uma grande sintanálise, da qual colocarei aqui apenas
traços, mas a pergunta estaria na capa de um imenso livro de Psicologia (figuras
ou psicanálises, objetivos ou psico-sínteses, produções ou economias,
organizações ou sociologias, espaçotempos ou geo-histórias).
Existem redes imensas para cada um
desses elementos, digamos as FIGURAS das PESSOAS (indivíduos, famílias, grupos,
empresas) e dos AMBIENTES (municípios/cidades, estados, nações e mundo).
Imagine a rede que liga as empresas de todo o mundo. O fio geral que liga as
empresas dos EUA com as empresas do Iraque é relativamente tênue, mas a relação
entre os EUA e o Brasil é composta de muitos fios, uma corda gigantesca, e mais
ainda aquele país e a França, digamos. Também há os laços que unem os poderes
(Executivo, Legislativo, Judiciário) de um e outro lado. Depois, o Brasil,
embora relativamente pequeno (EUA, Canadá e México, compondo o NAFTA devem ter
uns 35 % da renda mundial; a Europa dos 15 cerca de 25 %; o Japão uns 15 % - de
forma que esses 19 países juntos ficam com uns 75 % de tudo, restando aos
outros duzentos os 25 % que sobram, dos quais um décimo, 1/10 ou 2,5 % sendo do
Brasil, 1/40 do mundo) não é insignificante.
A seguir há a
floresta amazônica, que é origem de muito do biopatrimônio da Terra, hoje,
cobiça geral, que por si só levaria a uma guerra planetária, se ameaçada de
ocupação unilateral. Há a vizinhança, que se meteria de permeio, como nós
também a defenderíamos, à América do Sul, no caso de ataque. Se atacado o
Brasil poderia meter-se em guerrilhas que manteriam as chamas acesas nas
florestas por décadas, do jeito que os militares são doidos. Ademais, o Brasil
não é exatamente um pobretão em tecnociência, ainda que dependente – um
conflito faria nossa T/C dar saltos rumo à independência. E assim por diante,
poderíamos raciocinar por horas, num exercício muito gostoso e ilustrativo, por
sinal.
Bem, posto isso,
NINGUÉM GARANTE, de fato, porque se os EUA não atacaram a URSS enquanto essa
existiu, nem a China, que tem bombas atômicas, nem ninguém realmente ataca de
frente o pequeno Israel (que tem de área somente 20.700 km2 e de
população em 2001 apenas 6,2 milhões), frente a nações islâmicas muito mais
populosas e incomparavelmente maiores em tamanho, é porque, segundo dizem,
aquela nação dispõe de 400 MÍSSEIS NUCLEARES HABILITADOS PARA DISPARO, a
qualquer instante, o que vaporizaria todas as nações árabes instantaneamente,
acabando com quase todo o 1,3 bilhão de muçulmanos.
O Brasil só estaria
defendido realmente se fosse uma potência nuclear (bombas atômica e nuclear, de
cobalto, e outras mais recentes) ou tivesse poderio ainda mais central no
desenho do universo. Na falta disso ninguém garante, mesmo.
Acontece que é isso
que as nações começarão a pensar, vendo os EUA de depois da guerra contra o
Iraque como o agressor potencial que eles realmente se tornaram; com isso vão
pipocar as alianças e será disparada novamente a corrida militar, especialmente
a nuclear. As nações não vão mais confiar. É o fim e uma era.
Vitória,
quinta-feira, 27 de março de 2003.
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