Quem Foi Alexandre?
Alexandre Magno ou
Alexandre o Grande foi macedônio (a Macedônia atual tornou-se independente da
Iugoslávia em 1991, depois do esfacelamento do Leste europeu, geograficamente
ficando logo acima da Grécia, situada no Mediterrâneo. Tem área de 25.713 km2
e a população era em 2001 de dois milhões), tendo nascido em 356 a.C, em Pela,
no palácio do pai, o rei Felipe. Foi discípulo de Aristóteles (filósofo grego,
384 a 322 aa.C, 62 anos entre datas), tornou-se grande conquistador e morreu aos
33 anos, em 323 a.C.
Conquistou em poucos
anos o Grécia, o Egito, a Pérsia, o atual Oriente Médio e avançou até a Índia.
Fundou numerosas cidades, inclusive Alexandria, depois sede da maior biblioteca
da Antiguidade. Casou seus generais com as filhas dos dignitários locais e ele
mesmo desposou várias princesas para unir-se às dinastias das regiões por onde
passou. Tendo morrido, seu império nascente foi dividido entre seus generais.
Ptolomeu pegou o Egito e foi descendente dele aquela mesma Cleópatra que se
envolveu sucessivamente com Júlio César e com Marco Antônio, trezentos anos
depois.
Sabe-se um punhado
de coisas de Alexandre e de sua grandeza. O modelo, porém, diz que as
biografias têm dois lados, como os sentidos: uma BIOGRAFIA INTERNA, ou autobiografia,
e uma BIOGRAFIA EXTERNA, simplesmente biografia, gravação da vida.
Entrementes, o que
devemos entender por biografia?
Em primeiro lugar,
há o sono, maior tempo na infância e menor na velhice, na média aquelas oito
horas, de modo que 1/3 da vida não é gravável – todo o imponderável do
inconsciente em sono. A seguir, notemos que a vida se divide em interior e
exterior. No interior estão os pensamentos, que só a pessoa pode alcançar, a
menos que escreva, como estou fazendo aqui e tantos outros fazem também. Enfim,
palavras interiores e imagens exteriores. Grande parte dos pensamentos/palavras
se perde, a menos que os/as escrevamos. A maior parte das pessoas não escreve
ou não sabe escrever. Mesmo para quem escreve uma parte é, ainda em vigília, o
inconsciente. Há as imagens, que os outros vêem, QUANDO VÊEM. Porque, na
realidade, não ficamos em termos de imagens senão alguns minutos por dia com
pessoas, todas diferentes, de modo que de uma vida inteira de, digamos, 75
anos, menos o 1/3 do sono, ficamos com apenas 50 anos de aparecimento, pouco
cada um vendo. Mesmo se depois da morte for feita uma coleta judiciosa, pela
importância da pessoa, é difícil reunir os depoimentos.
Ainda devemos
reportar que a memória é frágil, pouco ela retém, especialmente com o passar
das décadas. Depois, as pessoas tendem a reformar suas visões, através da
chamada “mentira honesta”, para adequá-las às do meio. Uma pessoa detestável
que se descubra depois um grande herói faz esquecer tudo de ruim que se pensou
dela. Mais ainda, há os julgamentos dos historiadores, conforme as eras
políticadministrativas (Escravismo, Feudalismo, Capitalismo, Socialismo,
Comunismo, Anarquismo).
Quanto à
autobiografia, donde deveríamos esperar maior fidelidade, é inútil tal
esperança, PORQUE as pessoas apagam as coisas ruins que fizeram e fazem
ressaltar as boas. Colocam no papel coisas que nunca fizeram nem disseram, que
não planejaram e não realizaram, que outros inventaram. Roubam idéias e coisas,
apropriam-se do alheio. Em resumo, são cruéis, maledicentes, trapaceiras,
mau-pagadoras, pusilânimes, comportando tantos defeitos, com algumas
qualidades. Leia as autobiografias e compare-as com as biografias: nestas
estarão as negatividades, enquanto naquelas só as positividades.
Não há nenhum
Alexandre Magno que possamos recuperar. Só Deus, na Tela Final, podendo ver
EXATAMENTE o que a pessoa foi em sua totalidade, poderia dizer. O que há,
mesmo, é NOSSA VISÃO DE ALEXANDRE MAGNO. E aí são inumeráveis visões. Só que
quem faz a biografia não coloca MINHA VISÃO DE POPPER. Nem a pessoa põe COMO ME
VÍ na autobiografia. Nada daquilo é mesmo a realidade, pois se da realidade os
elementos se misturam com os virtuais inventados não ficamos com realidade
pura, ficamos com um mestiço, o que nunca é denotado.
Vitória, terça-feira,
18 de fevereiro de 2003.
Nenhum comentário:
Postar um comentário