quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017


Quem Foi Alexandre?

 

                            Alexandre Magno ou Alexandre o Grande foi macedônio (a Macedônia atual tornou-se independente da Iugoslávia em 1991, depois do esfacelamento do Leste europeu, geograficamente ficando logo acima da Grécia, situada no Mediterrâneo. Tem área de 25.713 km2 e a população era em 2001 de dois milhões), tendo nascido em 356 a.C, em Pela, no palácio do pai, o rei Felipe. Foi discípulo de Aristóteles (filósofo grego, 384 a 322 aa.C, 62 anos entre datas), tornou-se grande conquistador e morreu aos 33 anos, em 323 a.C.

                            Conquistou em poucos anos o Grécia, o Egito, a Pérsia, o atual Oriente Médio e avançou até a Índia. Fundou numerosas cidades, inclusive Alexandria, depois sede da maior biblioteca da Antiguidade. Casou seus generais com as filhas dos dignitários locais e ele mesmo desposou várias princesas para unir-se às dinastias das regiões por onde passou. Tendo morrido, seu império nascente foi dividido entre seus generais. Ptolomeu pegou o Egito e foi descendente dele aquela mesma Cleópatra que se envolveu sucessivamente com Júlio César e com Marco Antônio, trezentos anos depois.

                            Sabe-se um punhado de coisas de Alexandre e de sua grandeza. O modelo, porém, diz que as biografias têm dois lados, como os sentidos: uma BIOGRAFIA INTERNA, ou autobiografia, e uma BIOGRAFIA EXTERNA, simplesmente biografia, gravação da vida.

                            Entrementes, o que devemos entender por biografia?

                            Em primeiro lugar, há o sono, maior tempo na infância e menor na velhice, na média aquelas oito horas, de modo que 1/3 da vida não é gravável – todo o imponderável do inconsciente em sono. A seguir, notemos que a vida se divide em interior e exterior. No interior estão os pensamentos, que só a pessoa pode alcançar, a menos que escreva, como estou fazendo aqui e tantos outros fazem também. Enfim, palavras interiores e imagens exteriores. Grande parte dos pensamentos/palavras se perde, a menos que os/as escrevamos. A maior parte das pessoas não escreve ou não sabe escrever. Mesmo para quem escreve uma parte é, ainda em vigília, o inconsciente. Há as imagens, que os outros vêem, QUANDO VÊEM. Porque, na realidade, não ficamos em termos de imagens senão alguns minutos por dia com pessoas, todas diferentes, de modo que de uma vida inteira de, digamos, 75 anos, menos o 1/3 do sono, ficamos com apenas 50 anos de aparecimento, pouco cada um vendo. Mesmo se depois da morte for feita uma coleta judiciosa, pela importância da pessoa, é difícil reunir os depoimentos.

                            Ainda devemos reportar que a memória é frágil, pouco ela retém, especialmente com o passar das décadas. Depois, as pessoas tendem a reformar suas visões, através da chamada “mentira honesta”, para adequá-las às do meio. Uma pessoa detestável que se descubra depois um grande herói faz esquecer tudo de ruim que se pensou dela. Mais ainda, há os julgamentos dos historiadores, conforme as eras políticadministrativas (Escravismo, Feudalismo, Capitalismo, Socialismo, Comunismo, Anarquismo).

                            Quanto à autobiografia, donde deveríamos esperar maior fidelidade, é inútil tal esperança, PORQUE as pessoas apagam as coisas ruins que fizeram e fazem ressaltar as boas. Colocam no papel coisas que nunca fizeram nem disseram, que não planejaram e não realizaram, que outros inventaram. Roubam idéias e coisas, apropriam-se do alheio. Em resumo, são cruéis, maledicentes, trapaceiras, mau-pagadoras, pusilânimes, comportando tantos defeitos, com algumas qualidades. Leia as autobiografias e compare-as com as biografias: nestas estarão as negatividades, enquanto naquelas só as positividades.

                            Não há nenhum Alexandre Magno que possamos recuperar. Só Deus, na Tela Final, podendo ver EXATAMENTE o que a pessoa foi em sua totalidade, poderia dizer. O que há, mesmo, é NOSSA VISÃO DE ALEXANDRE MAGNO. E aí são inumeráveis visões. Só que quem faz a biografia não coloca MINHA VISÃO DE POPPER. Nem a pessoa põe COMO ME VÍ na autobiografia. Nada daquilo é mesmo a realidade, pois se da realidade os elementos se misturam com os virtuais inventados não ficamos com realidade pura, ficamos com um mestiço, o que nunca é denotado.

                            Vitória, terça-feira, 18 de fevereiro de 2003.

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