quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017


Produtos que Detestamos

 

                            Uma vez o Steve Martin deu num filme como índice da presença e da existência do Demônio aqueles envoltórios de celofane nos estojos de CD e que são completamente intratáveis, a grande custo de tempo e raiva conseguindo-se abrir. É preciso usar uma chave de casa ou ponta de tesoura ou o que quer de pontudo que tenhamos para forçar.

                            E há um punhado de coisas demoníacas, que os capetinhas inventaram só para nos enraivecer e nos ver espumar.

                            Bem, à parte os eventos pontuais, é certo que a Vida psicológica humana geral depende de pequenos gestos de amor e cuidado com o próximo, que não está tão distante quanto se pensa, somos nós mesmos. Assim, cuidar dos outros é cuidar de nós mesmos, em círculo, porque tudo, de um modo ou de outro, volta.

                            Os governos poderiam colocar um sítio real ou virtual para acolher reclamações, com delicadeza indo até as empresas e reformando os produtos no que eles tivessem de detestável. Por exemplo, no caso em tela, bastaria colocar uma fita que, puxada, abrisse o pacote, o envelope de plástico. Ou em envelopes de remédios, de pílulas, permitisse a retirada delas sem ser com o emprego dos dentes. Ou em sacolas de salgadinhos tipo cheetos viabilizasse a saída deles sem o tremendo esforço que é agora (exceto que os adolescentes descobriram como fazer, puxando contra a emenda).

                            Enfim, será que não há ninguém que cuide disso?

                            Mais largamente é questão de harmonização, de humanização, de aprimoramento da humanidade para além da barbárie das vontades isoladas e isolantes.
                            Vitória, segunda-feira, 05 de maio de 2003.

Nenhum comentário:

Postar um comentário