terça-feira, 14 de fevereiro de 2017


O Tesouro de Quetzalcoatl

 

                            Na Enciclopédia Conhecer, São Paulo, Abril Cultural, 1967 (sobre original italiano de 1967, sinal de que foi considerada muito interessante, e é, de fato), volume IV, p. 800, diz-se:

                            “A mitologia asteca tem uma explicação bem mais poética para o abandono de Tula. Consta que era governada por Quetzalcoatl, que possuía em seu palácio todas as riquezas do mundo; do reino de Tula surgiram todos os deuses, seres, meios de sustento e riquezas da terra; desde o milho até o herói Quetzalcoatl, que era filho do deus dos céus Mixcoatl (‘serpente das nuvens’) e da deusa da terra Chimalman (‘escudo inclinado’), e viveu 52 anos, de 947 a 999”, negrito e colorido meus. Quetzalcoatl era a “serpente emplumada”.

                            Os arqueólogos e antropólogos tendem a tomar essas afirmações como mitológicas, falseadas da realidade, o que nos levar a zero de descobertas, ao passo que se as tomássemos como verdadeiras haveria UMA CHANCE, mesmo que mínima, de descobrirmos tais espantosos tesouros = RECURSOS = DINHEIRO, etc., na Rede Cognata.

                            Por outra, duas opções: 1) se não acreditarmos nada descobriremos; 2) se acreditarmos a coisa toda pode estar lá. Então, eu penso, a posição otimista é melhor, mesmo que gaste dinheiro em troca de nada, porque pela posição pessimista nem temos universo, sobre a argumentação de que as criaturas do Criador errarão e chegarão a becos sem saída ou apenas repetirão o já descoberto.

                            Assim, proponho essa nova arqueologia, que já era a dos alemães Schliemann (1822 a 1890, 68 anos entre datas) e Dörpfeld (1853 a 1940, 87 anos entre datas), os descobridores de Tróia (escavada de 1882 a 1890), em nove camadas sucessivas, onde hoje está a aldeia turca de Hissarlik, antiga Pérgamo. Foram guiados por suas crenças na veracidade das lendas, dirigiram-se ao lugar que elas indicaram e descobriram.

                            Tivessem permanecido descrentes e até hoje acreditaríamos que Tróia não passava de uma lenda.

                            Do mesmo modo com os tesouros. É difícil acreditar que alguém, sob ameaça de invasão e roubo, deixaria tudo, todas aquelas belezas lindamente lavradas, toda a arte de gerações perecer nas mãos dos bobocas, dos levianos, dos criminosos que derretem as peças. Algo se perdeu, efetivamente, mas devemos acreditar que as poucas peças recuperadas pela arqueologia descrente sejam todas as não-derretidas que já estiveram em poder de alguém? Será que as pessoas deixam muitas peças valiosas para trás? Você deixaria seus objetos mais amados, em qualquer fuga? Realmente o que se leva é aquilo de que gostamos mais, e os seres humanos gostam mais de ouro, pedras preciosas, prata, platina, objetos finamente modelados e o resto, até bonecas de pano. Assim, sendo, é razoável esperar que o tesouro de Quetzalcoatl, o suposto deus branco e barbudo, esteja alhures em algum lugar, nessa Tula mencionada, ou no lugar para onde ele foi, junto aos maias.

                            Resta procurá-lo e encontrá-lo, evidentemente com a anuência de seus presumidos guardadores, se algum grupo foi encarregado secretamente de tal, ou através de indicações lendárias e mitológicas, tecnocientificamente estudadas, com detida ponderação, com uma grade de quesitos excluidores das trivialidades, com controle das dotações orçamentárias, com direção (e sentido) de uma grande universidade, com pesquisadores renomados, mas audaciosos (o que é difícil de combinar). Uma coisa dessas não tem preço, não só pelo montante em ouro, que deve ser grande, mas principalmente em razão do que aprenderemos sobre a civilização tolteca.

                            Vitória, domingo, 13 de abril de 2003.

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