sábado, 11 de fevereiro de 2017


O Dia de 16 Horas

 

                        Naturalmente o dia tem em torno de 24 horas, o que está marcado nos relógios, mas nós devemos rever isso.

                        Os espaçotempos do Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia, Ciência/Técnica e Matemática) geral, todos diferentes, foram asfixiados pela pretendida dominância tecnocientífica, coincidindo tragicamente com o de 24 horas da pontescada tecnocientífica, da pontescada científica (ET físico-químico, ET biológico/p.2, ET psicológico/p.3, ET informacional/p.4, ET cosmológico/p.5 e ET dialógico/p.6), em particular o primeiro, o espaçotempo físico-químico, que é dominante.

                        Acontece que nosso tempo é psicológico/p.3, ele não tem 24 horas, pois dormimos oito horas por dia (os bebês mais, 12, os velhos menos, 6 ou 4). Depois, o TEMPO PSICOLÓGICO não corre do mesmo modo para todos, de modo que deveríamos rever o TΨ, tempo psicológico. Ninguém colocou ainda qualquer mídia que nos ensine a administrar o tempo, para cumprimento das tarefas, para estudar aquilo que, como já comentei, é o tempo certo de cada coisa, como dizia minha mãe: “tudo tem seu tempo certo”. Qual é o tempo certo de cada coisa? Em primeiro lugar não sabemos, mas já sabemos que é somente 16/24 = 67 % do que dizem ser. Também há um tempo para alimentação, para escovar os dentes, para defecar e urinar, para tomar banho, para fazer as unhas, para cortar o cabelo, para as mulheres pinturas e outros tratamentos, vestir e calçar: coloquemos aí três horas por dia, sobram (16-3) /24 = 54%. Das 13 x 7 = 91 horas semanais tiremos ainda duas horas de transporte por dia ao trabalho, 5 x 2 = 10, ficamos com 81 horas; oito horas de trabalho por dia, 8 x 5 = 40, restam 41, que divididos por 7 nos dará menos de seis horas em média por dia para sermos nós mesmos, em nossa humanidade DE VIGÍLIA.

                        Então, NOSSOS dias têm no máximo seis horas, e não 24; ninguém nos ensinou a aproveitá-las, pois por errada suposição qualquer um deve saber como proceder melhor. Se a coletividade pretende nos ensinar tudo a respeito de aprendizado do trabalho, quer dizer, do aproveitamento de nós pelos outros, como é que não nos ensina o aprendizado do lazer, o aproveitamento de nós por nós mesmos?

                        Em resumo, temos 6/24, ¼, 25 % do tempo para nós mesmos.

                        Isso quer dizer que uma pessoa de 80 anos viveu em vigília apenas 20 anos para si mesma, não coletivamente. Onde está o tal mundo individualista de que tanto falam?

                        Vitória, segunda-feira, 07 de abril de 2003.

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