sábado, 18 de fevereiro de 2017


Lahore

 

                            Veja no Conhecer já citado, X, p. 2.057:

                            “Na época da divisão do país, a maior cidade do Paquistão era Lahore (região ocidental), com cerca de 850 mil habitantes”.

                            Essa divisão de que ele fala não é a de Bangladesh em relação ao Paquistão, mas do conjunto em relação à Índia, pois a enciclopédia é de 1967. Depois da independência da Índia em relação à Grã-Bretanha em 1948, no mesmo ano estalou uma guerra entre Índia e Paquistão, que então constituíam o mesmo país, por conta das rivalidades entre hindus e muçulmanos, havendo depois dois países (depois o Paquistão rebentou novamente em dois).

                            Como já mostrei no artigo deste Livro 31, O Crescimento Paquistanês, a explosão populacional foi tremenda por lá.

                            Não se trata da mesma abordagem agoraqui.

                            AS MAIORES CIDADES DO PAQUISTÃO     (2001)

CIDADE
HABITANTES (em milhares)
Karashi (aglom.)
10.119
Karashi
9.270
Lahore
5.063
Faisalabad
1.997
Rawalpindi
1.406
Multan
1.182
Hyderabad
1.151
Islamabad
525

                            Karashi tinha em 1967 dois milhões de habitantes, ao passo que agora já chega aos dez. Lahore tinha 850 mil e agora possui 5.000 mil, aumentou 4.150 mil, crescimento de 5,35 % ao ano. A continuar assim (o que podemos presumir, porque diferentemente dos governos ocidentais os dos países árabes querem a todo custo, como forma de ultrapassar o Ocidente, o aumento do contingente populacional) em mais 34 anos a população da cidade chegará perto dos 30 milhões e a do aglomerado de Karashi perto dos 60 milhões.

                            O que desejo colocar aqui não é a preocupação com a política interna do Paquistão, nem a loucura dos países árabes, que não é essa, é a distância crescente entre as elites e o povo.

                            Coloco esta questão: o que tem sido, como experiência nova para a humanidade, esse disparado e disparatado crescimento populacional urbano e superurbano? Como é que se deu esse crescimento, em termos de respostas e ausência delas? Como os sete níveis (povo, lideranças, políticos, pesquisadores, estadistas, santos e sábios e iluminados – estes, através dos ensinamentos que deixaram) reagiram a essa multiplicação? Que lições podemos tirar dos estudos comparados sobre as competências e incompetências de cada um desses níveis em lidar com as tarefas? Em que patamares colocaríamos essas respostas, de um a cem, de 1 a 100 %, até 50 baixas qualidades e acima de 50 % cada vez mais eficientes? Como podemos modelar em computador a expansão dessas cidades e o modo como elas engolem os recursos das redondezas? Sendo, como são, corpomentes psicológicos/p.3 em crescimento, como predam o ambiente em torno delas?

                            Para fazer um paralelo, pensemos o que seria nós multiplicarmos nosso corpomente por 5,88, como Lahore fez. Como caberíamos no ambiente? O que Lahore dá em troca aos municípios/cidades, aos estados ou províncias, ao país e ao mundo? Em vez de 1,71 metro eu teria 10,05 metros; ou uma criança de 0,50 m passar a 2,94 m, e, pior ainda, depois a 17,29 m (em 2035).

                            Preocupante não é propriamente o crescimento populacional do mundo e sim o das cidades, porque estas são a fonte de muito bem e de muito mal. Se elas se desgarrarem definitivamente da vida campestre valores demais de nosso passado podem ser perdidos para sempre, e ninguém, fora os tolos, quer isso.

                            Que se façam os congressos para estudar a questão.

                            Vitória, sábado, 17 de maio de 2003.

Nenhum comentário:

Postar um comentário