Horizonte Brasileiro
Jorge Luiz Calife,
tradutor no Brasil de vários dos livros de Arthur C. Clarke escreveu a este e
convenceu-o a ir além de 2001, Uma
Odisséia no Espaço (a oitava edição que tenho é de 1983, sobre original
americano de 1968), o que veio a dar em mais três livros: 2º) 2010, Uma Odisséia no Espaço II (muito
mal filmado), 3º) 2061, Uma Odisséia no
Espaço III (não filmado), 4º) 3001,
A Odisséia Final (em preparação de filmagem, segundo dizem). Para nossa
maior satisfação deveriam manter o original (que já assisti 12 vezes), de
Stanley Kubrick, já falecido, e filmar os demais em grande estilo.
Calife escreveu
então por seu lado dois livros, ambos publicados pela Nova Fronteira: 1º) Padrões de Contato (Rio de Janeiro,
1985) e 2º) Horizontes de Eventos
(Padrões de Contato II) (Rio de Janeiro, 1986), ambos excepcionais, de uma
plasticidade incrível, que dariam filmes formidáveis, apaixonantes mesmo, se
filmados por gente competente.
Os brasileiros,
sempre descuidados e considerando (erradamente) a ficção dita científica arte
menor, se descuidaram dela e produziram obras sofríveis, que a gente lê
empurrada, contra a vontade, só para ter a satisfação de terminar (como disse
Grouxo Marx, “tive duas satisfações quando peguei seu livro: uma ao abrir e
outro ao fechar. Um dia ainda pretendo lê-lo”). Menos o Calife, que ombreia com
os melhores do mundo, se não os ultrapassa.
Espanta-me,
sobretudo, que os estrangeiros, passados 18 e 17 anos do primeiro e do segundo,
não tenham comprado os direitos de filmá-los e, mais ainda, que não o tenham
feito, nem o pretendam fazer, ao que eu saiba.
Vejo que há
realmente uma repulsa estrangeira, que advém do preconceito mais sórdido para
com as coisas brasileiras – um travamento malsão, que busca obstaculizar a todo
custo. Compreensível é, pois vem do medo de o Brasil liderar uma civilização
divergente, que inclua outros, os despossuídos de expressão.
Entrementes isso
leva a faltas que desaprovamos fervorosamente e que nos aborrecem bastante.
Vitória, domingo, 13
de abril de 2003.
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