Glória a Alexandria
No livro de Giovani
Reale, História da Filosofia Antiga,
volume V, São Paulo, Loyola, 1995, p. 14, está escrito: “Lembremo-nos de que em
Alexandria todas as correntes filosóficas que caracterizaram a última fase do
pensamento antigo: 1) neopitagorismo, 2) o médio-platonismo, 3) o
neoplatonismo, 4) a filosofia mosaica de Filo, o Hebreu, ou seja, a tentativa
de mediação entre a teologia hebraica e filosofia grega, 5) a escola
catequética, ou seja, a primeira tentativa de elaboração filosófica do
pensamento, 6) enfim, os grandes comentários a Aristóteles da escola de
Amônio”.
Alexandria foi
fundada em 332 a.C. sobre a antiga cidade faraônica de Rhakotis, existente
desde 1500 a.C., e a Biblioteca de Alexandria por Ptolomeu I Soter em 290 a.C.,
tendo sido incendiada em quatro ocasiões diferentes por meliantes (como os
americanos fizeram ou permitiram fazer com a biblioteca de Bagdá, na recente
Guerra do Iraque): em 48 a.C foi o primeiro incêndio, devido ao ataque
incendiário à cidade por ordem de Júlio César; em 272 por ordem do imperador
romano Aureliano; em 391 pelo imperador Teodósio, de Constantinopla; e em 640
pelos muçulmanos do Califa Omar I.
Tomemos a data mais
antiga, de 290 a.C., e contemos que tenha existido até terminar definitivamente
em 640 d.C. com o ataque árabe - serão 290 + 640 = 930 anos. No auge a BA teve
até 700 mil volumes e era única, embora não existisse somente ela, pois outras
havia, mas sendo chamada única no sentido de sua importância. Não é como agora,
em que existem tantas (às quais é dada tão pouca importância). Naquele tempo
ela era um farol de fato, maior que o Farol de Alexandria, uma das maravilhas
do mundo antigo, mandada erguer por Ptolomeu II, filho do anterior.
O que é uma
biblioteca existir por quase mil anos?
Ninguém sabe, porque
não aconteceu antes, nem talvez venha a acontecer, dado que há tanta gente
disposta a queimar livros neste vil mundo humano. Com todo tipo de tropeço e
absurdo pelos quais passou, a Biblioteca (e Universidade) de Alexandria viveu
por quase mil anos, o que é uma façanha extraordinária. Eis aí um acontecimento
realmente memorável, que já está na hora de comemorar e de memorizar em pedra,
nalgum sítio belo, sob a forma de uma universidade que tenha a mesma forma
dela, porém contemporanizada quanto aos conceitos e à capacidade de
produzirorganizar, contemporânea necessariamente.
Vitória,
segunda-feira, 05 de maio de 2003.
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