Erros Irreversíveis
Vi em algum lugar
anunciarem um livro de Scot Turow, creio, com esse nome: Erros Irreversíveis.
Deve ser erro do
tradutor, porque erros, como acertos, são sempre irreversíveis, exatamente
porque TODOS OS FATOS o são, e erros e acertos são, antes de tudo, fatos. A
condição de qualquer coisa notável é ser fato, exceto Deus, que não é notável
pelas mentes racionais, mas é fato, condição de todo fato. Entrementes, Deus é
notável pelos seus atos produtivos, suas emanações, como diriam os cabalistas,
e é daí que, embora não-notável diretamente, é-o pela sua produção.
Fatos marcam o tempo
para nós, portanto fatos marcam-se como, julgados pelos racionais e suas
escolhas, erros e acertos.
Me incomoda que as
criaturas não tenham cuidado com os enunciados PORQUE, como disse a Clarice
Lispector ao seu modo (que se não fôssemos corretos ao enunciar não saberíamos
se estaríamos incivilizadamente sentados na mesa ou, civilizadamente, à mesa,
na cadeira, junto à mesa), o falar correto é condição de avanço, de crescimento
civilizatório.
A vida incivilizada
é ruim, não apenas para os de maior visão como para todos, porque fora dela os
sentimentos e os pensamentos humanos mais apurados não podem manifestar-se –
fica-se sempre rente à lama, como grama que muito se espalha mas não adquire
altura.
Os tradutores
precisam de um pouco mais de cuidado nas traduções e os editores devem cobrar
deles providências para obter maior fidelidade à origem, quando não respeito à
lógica da língua portuguesa.
Vitória,
terça-feira, 13 de maio de 2003.
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