Descristianização
Já mostrei que foi a
cristianização da Europa a responsável primordial pela invenção da atual
potência conjunta a partir da Idade Média (e foi a introdução da Reforma que
impediu durante quase 500 anos a junção dos países numa entidade supranacional,
a agora Europa dos 15, a CE, Comunidade Econômica).
Mostrei também que a
cristianização do Japão (muito frágil a partir da chegada dos jesuítas,
impedida até a Reforma Meiji em 1868, que abriu os portos após 250 anos de
fechamento), finalmente iniciada para valer com a derrota em 1945, estabeleceu
as bases da atual potência mundial. Mais recentemente na Ásia, ao seguirem o
caminho japonês de aceitar a existência do povo como meta de
produçãorganização, a Coréia do Sul (cristianizada após o fim da Guerra da
Coréia, que aconteceu de 1950 a 1953), Hong Kong (cedida pela China ao Reino
Unido em 1842, devolvida em 1997 após extremas mudanças), Macau (fundada pelos
portugueses em 1513, devolvida à China em 1999), Formosa (com Chiang Kai-shek a
partir de 1945) e o Oriente todo, inclusive a China, com o Caminho das Duas Vias, a partir da abertura após a morte de Mao
Zedong em 1976, principalmente a partir de Deng Xiaoping (que entrou em 1977,
mas só começou a efetivar as reformas em 1984) e o conseqüente espalhamento das
benesses do crescimento.
Mas foi a partir de quando
o cristianismo se espalhou pelo restante do mundo que ele passou a ser abandonado
nas Américas enquanto modelo de vida, com resultados bem funestos, inclusive
declínio do Estado e redução do ritmo de expansão econômica, ou o
não-aceleramento dela. A razão é muito simples, Cristo pediu que as pessoas se
preocupassem umas com as outras, que as aceitassem, que, por exemplo, as elites
admitissem as preocupações populares, o que cria uma BASE AMPLA DE NECESSIDADES
de invenções, de conhecimento, de produções e de organizações. Não é nada
mágico, mítico, místico – é a visão direta de que ao abrir a socioeconomia ao
atendimento do público há muito mais para fazer e para construir.
O fechamento na
descristianização acaba por concentrar as rendas, por fechar o espectro
psicológico no atendimento de poucos, com baixo arrastamento socioeconômico ou
produtivorganizativo. A cristianização não é mais uma necessidade cristã,
apenas, é universal, pois diz respeito a mais gente das bases sendo atendidas.
Na medida em que valores autocráticos, plutocráticos, oligárquicos e outros do
mesmo jaez são assumidos como normas de conduta, há um travamento geral do
futuro e das perspectivas, portanto, da produção e do consumo. Só isso. O que
diz tudo.
Vitória,
terça-feira, 25 de março de 2003.
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