Banditismo Reverso
É fácil ver a
engenharia reversa como um ato de banditismo e inicialmente eu pensava destacar
esse fato, mas isso seria apenas uma declaração, quando é nitidamente mais útil
investigar a reversibilidade dos crimes, dos atos malsãos.
Veja,
os crimes são atos de dialógica, atos praticados por seres humanos, que são
lógicos e dialéticos, que têm um DIÁLOGO CRIMINOSO, de desvio, com o mundo,
sendo o crime, como é, uma doença psicológica (psicopatia) ou sociológica
(sociopatia).
VENDO O CRIME
LÓGICA
DO CRIME
(Espaço do ato) - monal
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DIALÉTICA
DO CRIME
(Tempo do ato) - relacional
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Fenômenos
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Conteúdos
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Imagens
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Palavras
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Atos
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Conceitos
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Formas
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Estruturas
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Corpos
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Mentes
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Imaginações
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Razões
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Imediata (instantâneo)
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Mediata (meditado)
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Naturalmente os
crimes mais difíceis de desvendar são os meditados, os pensados, os que demoram
tempo para acontecer; os imediatos caem nas classificações anteriores, na
repetição, para as quais já existem trilhas anteriores – os delegados não
deparam com nada de novo, que devam por sua vez pensar para des-vendar, tirar
suas próprias vendas ou tapa-olhos. Assim sendo, deveria haver nas delegacias
uma lista de quesitos para enquadrar os crimes, ou seja, uma TIPIFICAÇÃO, um
quadro tipificador (letra x número, alfanumérico) com os quesitos que fazem a
triagem na árvore, verificando-se se caem imediatamente no ramo esquerdo, dos
atos intempestivos, ou se no direito, dos pensamentos tempestivos. Isso vale
para todo tipo de crime, inclusive os tributários, ou especialmente estes;
porisso deveria existir um TANQUE DE PENSAMENTO, um coletivo de determinação do
potencial dos crimes, isto é, da capacidade de pensamento do outro lado.
Excluídos os boçais ficam apenas os criminosos potencialmente grandes.
Colocados os criminosos numa tabela de muito pequenos (micro), pequenos,
médios, grandes e muito grandes (gigantes), como as empresas (pois cada crime é
um empreendimento em si), os do lado direito são os grandes e gigantes, os do
lado esquerdo os pequenos e muito pequenos. Estes são fáceis de resolver,
aqueles não.
Daí o TP (tanque de
pensamento) se concentraria na dialética, que é racional, enquanto a lógica é
sentimental, não-consciente, emocional, de resolução direta.
Então viria o
DESMONTE DIALÉTICO ou relacional do crime, como num vidro estilhaçado, onde
podemos seguir a trilha de sobreposições, ou seja, reconstruir a ÁRVORE DE
CHOQUE: o que veio primeiro, depois o segundo, o terceiro, até o que veio
depois de tudo, por último – a seqüência dialógica do crime.
Evidentemente, como
um ato que remonta o info-controle ou info-comunicação, é preciso dispor da
Chave do SER (memória, inteligência e controle dos investigadores) e da Chave
do TER (matéria, energia e informação), enquanto suporte. Os detetives precisam
da mídia (TV, Rádio, rEvista, Jornal, Livro e Internet) circulante e em alguns
casos até da não-circulante, secreta, para procederem à investigação, que é ato
permanente de investigar. Deveriam dispor de lógicos e dialéticos no grupo, de
modo a remontarem a árvore de decisões dos criminosos.
Os investigadores
devem então se tornar BANDIDOS REVERSOS, pensar como os bandidos, só que ao
contrário, percorrendo do avesso o caminho trilhado, até encontrar os mandantes
e os executores. Ainda que muitos grandes detetives tenham por si mesmos
construídos suas técnicas, tal procedimento característico enquanto Ciência e
Técnica categorizadas ainda não existe, ou seja, a Academia não se deu o trabalho
de proporcionar aos agentes da Lei instrumentos de reflexão e ação, o que é uma
pena, o que tem feito sucumbir tantas buscas, tornadas por isso mesmo
infrutíferas, para grande frustração geral.
Vitória, sábado, 12
de abril de 2003.
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