As Razões de Zenão
De um modo geral,
más definições levam a paradoxos, porque afirmam simultaneamente o sim e o não.
Além disso, mostram a construção profunda do universo, isto é, seus limites de
expansão, por exemplo, como quando Zenão de Eléia (Eléia, cidade da Itália,
Lucânia, antigamente Magna Grécia, onde ele nasceu, entre 490 e 485 e morreu em
430 a.C.) postulou vários paradoxos (além-da-opinião), entre os quais o de
Aquiles e a Tartaruga, um dos relativos ao movimento.
Sendo Aquiles
considerado o corredor mais rápido da Grécia, o paradoxo diz, em termos amplos
e reformulados, que começando a qualquer distância atrás dela, por mais devagar
que ela vá (poderia ser uma lesma ou um infinitésimo paralítico), Aquiles nunca
a conseguirá alcançar, qualquer que seja a velocidade dos seus passos, PORQUE
primeiro deverá vencer metade da distância (até qualquer X/n, para qualquer
“n”), depois metade da nova distância [até (X – X/n) /p] e assim por diante.
Poderia ser metade, 1/3, 7/8, qualquer coisa. Isso só foi resolvido mais
recentemente com as séries matemáticas.
Antes de Stephen
Hawking ter encontrado nas distâncias de Planck a Propriedade Métrica do
Universo (que denominei sucessivamente PM da Materenergia e Campartícula
Fundamental), como saberíamos que o universo tem um fim, efetivamente? Se não
percebermos que o mundo real em que estamos é diferente do mundo virtual da
Matemática, jamais poderemos medir uma cama, pois mediríamos metade, depois
metade da metade, e assim sucessivamente, nunca chegando a lugar algum. Também
não é certo o que dizem os da geometria do caos ou fractais, quando afirmam que
as costas dos países são fractais; não são, o que é fractal é a proposição
matemática. Fractais desdobram-se indefinidamente, exatamente porque são
virtuais, processos matemáticos iterativos, enquanto costas são reais,
interativas, realizadas.
Bastaria os europeus
não terem se deixado enganar, capitulando apressadamente ante o átomo, que não
é o a/tomo, sem-divisão dos gregos, é outro, é esse da Química, teriam pensado
que em algum ponto o universo real não pode mais ser subdividido e deparariam
com a necessidade lógica do ÁTOMO grego, isso que redenominei campartícula
fundamental e está por baixo mesmo dos quarks, buscando-a diretamente.
Exatamente porque
Zenão já o havia mostrado: o universo real não pode ser medido pelo universo
matemático. Não realmente. Eles podem ser EQUIPARADOS, tornando-se
co-mensuráveis, atribuindo-se as variáveis de um ao outro, desde que saibamos o
que estamos fazendo de fato. Fora dessa lembrança, ele nos disse indiretamente,
estaríamos nos deixando cair na rede de ilusões, em Maia.
Zenão já havia, há
2,5 mil anos, alertado para o fato, antes de perdermos tanto tempo, dando
voltas e voltas (até agora os físicos não aceitam ainda o campartícula
fundamental) inúteis, exceto no sentido de mostrarmos ao universo nossa
estupidez individual e coletiva.
E assim, por terem
(foi Aristóteles, que “resolveu” inicialmente o paradoxo, esquecendo-se de
prestar atenção à questão de fundo, prendendo-se única e exclusivamente à letra,
deixando escapar o espírito; do mesmo modo Sócrates, antes, com sua empáfia,
orgulho desmedido, afastou os sofistas, que teriam servido para prevenir o
mundo dos argumentos sem base lógica, as falácias) desconsiderado os avisos de
Zenão, os seres humanos perderam dois e meio milênios.
É o que dá a gente
se julgar esperta demais.
Vitória,
terça-feira, 22 de abril de 2003.
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