quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017


Robôs

 

                            Asimov traça em seus contos as tais Três Leis da Robótica (palavra inventada por ele), que supostamente impediriam os robôs de fazer mal a um ser humano. Acaso ficamos irritados com as máquinas que decepam os dedos de pessoas nas fábricas? Não, porque não lhes imputamos vontade, determinação, desejo de assim proceder.

                            Você pode ficar irritadíssimo, como já fiquei inúmeras vezes, quando um objeto se lhe opuser resistência passiva, mas não com o objeto diretamente e sim com a resistência, que transferimos por confusão mental à coisa. Enquanto os robôs não adquirirem consciência e intencionalidade não lhes obstaremos. Quando o fizerem, como eu já disse várias vezes quando falei da terceira natureza e dos novos-seres, serão uma nova espécie, e as espécies racionais travam naturalmente guerras entre si, indefectivelmente. TODOS os seres-novos guerrearão uns contra os outros.

                            Quando, por pura estupidez, os brancos não atribuíam alma aos negros, portanto tirando-lhes sua racionalidade, sua humanidade, não os temiam tanto, porque eram julgados objetos. Quando reconheceram a alma que sempre tiveram, aí sim, temeram a igualdade, PORQUE ELA ERA POSSÍVEL; neste instante o que foi visado era a posição de inimigo potencial e aí já tínhamos, como temos enquanto não acabar a babaquice das restrições inter-humanas, guerras inter-racionais, entre os dotados de razão.

                            O mesmo se dará com relação aos robôs, de forma que as questões de Asimov não são pertinentes. Ainda assim, por motivo de trama, para fazer filmes, podemos adotá-las e desenvolvê-las, apresentando seus livros de robôs, até porque o grande tema dos novos-seres, que estão batendo à nossa porta enquanto possibilidade, e com eles o sub-tema dos robôs, será discutido.

                            Quanto a como serão, eles chegarão aos pedaços em terrenos vazios, se montarão, construirão o prédio até o último andar, farão o acabamento, robôs menores descerão as peças, eles mesmo entrarão nas  conduções e irão embora, talvez montar uma ponte completa, criando no local as partes necessárias ou recebendo-as de fora, ou fazendo um hospital, ou estabelecendo do zero uma fazendo, indo ao fundo do mar, subindo até a estratosfera, indo a Marte e Vênus, aos satélites, onde o ser humano não puder ir, até ao vácuo. Por quê haveríamos de não gostar de colaboradores assim? De fato, nós os amaremos até a paixão. A questão que se põe será outra: como nos desgarraremos deles? Você chutaria sua máquina Xerox?

                            Vitória, segunda-feira, 21 de abril de 2003.

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