domingo, 5 de fevereiro de 2017


Paradigma = Programa

 

                            Muito depois de Thomas Kahn ter falado dos paradigmas e bem depois de eu ter lido a Estrutura das Revoluções Científicas, duas décadas, fiz a Rede Cognata (q.v. Grade e Rede Signalíticas, Livro 2), onde desponta que paradigma = PDGM (= PDM = PADRÃO) = PGM = PROGRAMA.

                            Com isso podemos entender melhor o que seja um paradigma.

                            É um programa, um código, um algoritmo, um conjunto de instruções, um fluxograma mais ou menos complexo.

                            Naturalmente age de dentro para fora, dos cientistas para a coletividade, e de fora para dentro como demandas.

                            De dentro para fora há a imposição, o silenciamento tosco ou sutil das oposições que tendem a fazer perguntas embaraçosas. Isso tanto se dá pela razão quanto pelos sentimentos, neste caso chacotas, deboches, argumentos ad hominem (“você nem é formado”; como disse um professor de filosofia a mim: “se forme, vá fazer mestrado, doutorado, pós-doutorado e então venha discutir comido”), avacalhação geral, insistente e insidiosa. A oposição racional forja argumentos falsos (dado que embasados na teoria falsa ou incompleta), mas convincentes enquanto se acreditar em tal conjetura.

                            De fora para dentro há o respeito à Academia, essa curvatura idiota e reverente que mostra a bunda dos aduladores. Há essa aprovação que advém da demanda por pronunciamentos da “autoridade” (como digo, a autoridade é só da lei, os seres humanos são agentes das diversas leis), no sentido de obter segurança, mesmo que segurança em falso, em terreno sujeito a terremotos (só porque uma pessoa de curta vida nunca presenciou um isso não nos diz que eles não existam).

                            Então o paradigma é um programa de pesquisa reforçado pela reitoria das universidades, a concessão de verbas, a publicação em revistas e jornais científicos, os tapinhas de aprovação do colega nos que regam de uísque os cargos burocratizados de falsos pesquisadores. Os governos os desejam, as empresas os estimulam, o povo e as elites dependem deles.

                            Só que paradigmas ou programas são linhas retas, ortodoxias que fatalmente levam ao precipício ou ao afogamento no mar.

                            Vitória, quinta-feira, 06 de março de 2003.

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