Paradigma = Programa
Muito depois de
Thomas Kahn ter falado dos paradigmas e bem depois de eu ter lido a Estrutura das Revoluções Científicas,
duas décadas, fiz a Rede Cognata (q.v. Grade
e Rede Signalíticas, Livro 2), onde desponta que paradigma = PDGM (= PDM =
PADRÃO) = PGM = PROGRAMA.
Com isso podemos
entender melhor o que seja um paradigma.
É um programa, um
código, um algoritmo, um conjunto de instruções, um fluxograma mais ou menos
complexo.
Naturalmente age de
dentro para fora, dos cientistas para a coletividade, e de fora para dentro
como demandas.
De dentro para fora
há a imposição, o silenciamento tosco ou sutil das oposições que tendem a fazer
perguntas embaraçosas. Isso tanto se dá pela razão quanto pelos sentimentos,
neste caso chacotas, deboches, argumentos ad hominem (“você nem é formado”;
como disse um professor de filosofia a mim: “se forme, vá fazer mestrado,
doutorado, pós-doutorado e então venha discutir comido”), avacalhação geral,
insistente e insidiosa. A oposição racional forja argumentos falsos (dado que
embasados na teoria falsa ou incompleta), mas convincentes enquanto se
acreditar em tal conjetura.
De fora para dentro
há o respeito à Academia, essa curvatura idiota e reverente que mostra a bunda
dos aduladores. Há essa aprovação que advém da demanda por pronunciamentos da
“autoridade” (como digo, a autoridade é só da lei, os seres humanos são agentes
das diversas leis), no sentido de obter segurança, mesmo que segurança em
falso, em terreno sujeito a terremotos (só porque uma pessoa de curta vida
nunca presenciou um isso não nos diz que eles não existam).
Então o paradigma é
um programa de pesquisa reforçado pela reitoria das universidades, a concessão
de verbas, a publicação em revistas e jornais científicos, os tapinhas de
aprovação do colega nos que regam de uísque os cargos burocratizados de falsos
pesquisadores. Os governos os desejam, as empresas os estimulam, o povo e as
elites dependem deles.
Só que paradigmas ou
programas são linhas retas, ortodoxias que fatalmente levam ao precipício ou ao
afogamento no mar.
Vitória,
quinta-feira, 06 de março de 2003.
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