Marin Complexo
No livro citado de
Juremir Machado da Silva, p. 221 e seguintes, ele entrevista o filósofo Edgar
Morin, no capítulo “Os filhos da incerteza”. Na página 229, eles dizem:
“EM – Precisamos mudar
nosso modo de pensar. Por isso, defendo a idéia do pensamento complexo,
multidimensional e global”.
“JMS – O pensamento
complexo que o senhor defende não produz também simplificação, dada a vasta
gama de elementos envolvidos? ”
“EM – O pensamento
tradicional cartesiano enfrenta um problema difícil dividindo-o em pequenos
pedaços. O pensamento complexo foi bem formulado por Pascal, que disse: ‘Todas
as coisas estão ligadas, são causas e conseqüências, mediatas e imediatas, e
tudo se associa através de um lado insensível, o mais distante e o mais próximo’”.
Na época de Descartes
(René, filósofo, matemático e físico francês, 1596 a 1650, 54 anos entre datas)
ele colocou a questão dos divisíveis, das separações úteis, didáticas, que não
deve ser descartada como inoportuna, apenas insuficiente hoje, quando existe
MUITO MAIS gente e gente especializada estudando. É a solução particularista,
enquanto a solução de Pascal (Blaise, matemático, físico, filósofo e escritor
francês, 1623 a 1662, 39 anos entre datas) é a generalista. Se os pesquisadores
tivessem desde o início querido seguir a esta, pouco teriam avançado, porque
poucas são as mentes capazes de abarcar muitos elementos, e é porisso mesmo que
os problemas têm de ser divididos e subdivididos, para serem atacados pelas
mentes mais frágeis.
O debate entre simples e
complexo, ora a superafirmação de um, ora a de outro, é supérflua, senão
perigosa para ambos os lados, mesmo quando um ou outro vença temporariamente.
Morin está certo, precisamos assumir nossa responsabilidade de estudar e
compreender o complexo, buscando a totalidade pelo ímpeto de totalização, o ato
permanente de procurar totalizar. Não se trata só de Descartes, nem somente de
Pascal, mas dos dois, de adotar o simplexo, como prega o modelo.
Agora, Morin está
coberto de razão ao dizer que não é mais possível continuar apenas fragmentando
o Conhecimento em pequeníssimas pastilhas, é preciso enfrentar a questão da busca
da solução geral, unitiva – queremos o quadro completo.
Vitória, segunda-feira,
07 de abril de 2003.
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