sábado, 11 de fevereiro de 2017


Marin Complexo

 

                        No livro citado de Juremir Machado da Silva, p. 221 e seguintes, ele entrevista o filósofo Edgar Morin, no capítulo “Os filhos da incerteza”. Na página 229, eles dizem:

                        “EM – Precisamos mudar nosso modo de pensar. Por isso, defendo a idéia do pensamento complexo, multidimensional e global”.

                        “JMS – O pensamento complexo que o senhor defende não produz também simplificação, dada a vasta gama de elementos envolvidos? ”

                        “EM – O pensamento tradicional cartesiano enfrenta um problema difícil dividindo-o em pequenos pedaços. O pensamento complexo foi bem formulado por Pascal, que disse: ‘Todas as coisas estão ligadas, são causas e conseqüências, mediatas e imediatas, e tudo se associa através de um lado insensível, o mais distante e o mais próximo’”.

                        Na época de Descartes (René, filósofo, matemático e físico francês, 1596 a 1650, 54 anos entre datas) ele colocou a questão dos divisíveis, das separações úteis, didáticas, que não deve ser descartada como inoportuna, apenas insuficiente hoje, quando existe MUITO MAIS gente e gente especializada estudando. É a solução particularista, enquanto a solução de Pascal (Blaise, matemático, físico, filósofo e escritor francês, 1623 a 1662, 39 anos entre datas) é a generalista. Se os pesquisadores tivessem desde o início querido seguir a esta, pouco teriam avançado, porque poucas são as mentes capazes de abarcar muitos elementos, e é porisso mesmo que os problemas têm de ser divididos e subdivididos, para serem atacados pelas mentes mais frágeis.

                        O debate entre simples e complexo, ora a superafirmação de um, ora a de outro, é supérflua, senão perigosa para ambos os lados, mesmo quando um ou outro vença temporariamente. Morin está certo, precisamos assumir nossa responsabilidade de estudar e compreender o complexo, buscando a totalidade pelo ímpeto de totalização, o ato permanente de procurar totalizar. Não se trata só de Descartes, nem somente de Pascal, mas dos dois, de adotar o simplexo, como prega o modelo.

                        Agora, Morin está coberto de razão ao dizer que não é mais possível continuar apenas fragmentando o Conhecimento em pequeníssimas pastilhas, é preciso enfrentar a questão da busca da solução geral, unitiva – queremos o quadro completo.

                        Vitória, segunda-feira, 07 de abril de 2003.

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