Daqui até o Infinito
Eu estava deitado no
piso em volta da “poça” (que alguém certamente chamará piscina, querendo
valorizar) do condomínio, olhando para o céu naquele instante azul, sem nuvens,
o espaço circunvizinho, quando me ocorreu que o topo do prédio não estava mais
perto do não-finito que eu.
Aliás, essa é a
propriedade central do infinito, o não finito, na realidade: nada é soma, para
ele. Não está mais perto do não-finito o topo do prédio que eu, nem 10 mil
quilômetros além, no espaço exterior da Terra o astronauta que o cume do
edifício.
Conseqüentemente,
infinito ou não-finito não é propriedade FORMAL, da forma, das superfícies, das
coisas visíveis, dos objetos tocáveis, das substâncias palpáveis. Deve ser, por
oposição/complementação, propriedade INFORMAL, não-formal, do interior, das
coisas não-visíveis, dos conceitos, dos virtuais, das estruturas internas, das
idéias, dos abstratos, dos centros, das leis que regem as coisas visíveis.
Assim sendo,
não-finito ou infinito NÃO EXISTE, é conceito, é idéia, é concepção, é EXTERNO
À REALIDADE, não faz parte da existência de nenhum racional. Se isso não for
perfeitamente discernido as contradições em termos aparecerão, ou seja, irão
manifestar-se os paradoxos, que vem das más definições, de introduzir um
contraditório no escopo do argumento, afirmando a negação, como fez Zenão para
chamar a atenção de todos para o perigo das definições erradas ou
insuficientes.
Os virtuais não
devem ser incluídos nas definições.
Verdade, como um
abstrato, não pode fazer parte de definições. Se um delegado disser:
“encontrarei a verdade a qualquer custo”, isso não passa de bravata, porque a
verdade não pode ser encontrada (sequer
uma, quanto mais a Verdade, em maiúscula família ou conjunto ou grupo de
verdades, só ao alcance de Deus, na Tela Final, como resumo e cruzamento
competente de todas as verdades; pois se uma verdade fosse sabida,
definitivamente, como marco ou zero permitiria o encontro de todas as demais
verdades – o que, por definição, só pode ser feito por Deus). É mentira. Do
mesmo modo quando os políticos nos afirmam que irão acabar com a pobreza; sendo
estatística e absoluta ela não pode ser terminada, dado que é percentual.
Ninguém está mais
perto do não-finito aqui do que um bilhão de anos-luz para trás.
Vitória,
terça-feira, 25 de março de 2003.
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