quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017


Daqui até o Infinito

 

                            Eu estava deitado no piso em volta da “poça” (que alguém certamente chamará piscina, querendo valorizar) do condomínio, olhando para o céu naquele instante azul, sem nuvens, o espaço circunvizinho, quando me ocorreu que o topo do prédio não estava mais perto do não-finito que eu.

                            Aliás, essa é a propriedade central do infinito, o não finito, na realidade: nada é soma, para ele. Não está mais perto do não-finito o topo do prédio que eu, nem 10 mil quilômetros além, no espaço exterior da Terra o astronauta que o cume do edifício.

                            Conseqüentemente, infinito ou não-finito não é propriedade FORMAL, da forma, das superfícies, das coisas visíveis, dos objetos tocáveis, das substâncias palpáveis. Deve ser, por oposição/complementação, propriedade INFORMAL, não-formal, do interior, das coisas não-visíveis, dos conceitos, dos virtuais, das estruturas internas, das idéias, dos abstratos, dos centros, das leis que regem as coisas visíveis.

                            Assim sendo, não-finito ou infinito NÃO EXISTE, é conceito, é idéia, é concepção, é EXTERNO À REALIDADE, não faz parte da existência de nenhum racional. Se isso não for perfeitamente discernido as contradições em termos aparecerão, ou seja, irão manifestar-se os paradoxos, que vem das más definições, de introduzir um contraditório no escopo do argumento, afirmando a negação, como fez Zenão para chamar a atenção de todos para o perigo das definições erradas ou insuficientes.

                            Os virtuais não devem ser incluídos nas definições.

                            Verdade, como um abstrato, não pode fazer parte de definições. Se um delegado disser: “encontrarei a verdade a qualquer custo”, isso não passa de bravata, porque a verdade não pode ser encontrada (sequer uma, quanto mais a Verdade, em maiúscula família ou conjunto ou grupo de verdades, só ao alcance de Deus, na Tela Final, como resumo e cruzamento competente de todas as verdades; pois se uma verdade fosse sabida, definitivamente, como marco ou zero permitiria o encontro de todas as demais verdades – o que, por definição, só pode ser feito por Deus). É mentira. Do mesmo modo quando os políticos nos afirmam que irão acabar com a pobreza; sendo estatística e absoluta ela não pode ser terminada, dado que é percentual.

                            Ninguém está mais perto do não-finito aqui do que um bilhão de anos-luz para trás.

                            Vitória, terça-feira, 25 de março de 2003.

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