Aproveitando os Pobres
Alessandra trabalha
na padaria, razão social Abatedouro Camará, onde compramos, e seu pai no
Hospital das Clínicas, da UFES, Universidade Federal do Espírito Santo, que é
público e onde os estudantes USAM os pobres para suas experiências de
crescimento nas pesquisas e compreensão. O gesto que ela fez para dizer isso
denotou para mim aquele descaso que em geral no mundo e especialmente no Brasil
os estudantes de Medicina têm por suas quase-vítimas. Se isso for afirmado pela
imprensa o HUCAM (Hospital Universitário das Clínicas, Campus de Maruípe, em
Vitória) negará veementemente.
Pouco importa tal
negação e sim pensar que nós, seres humanos, fazemos experiências que são mais
que biológicas/p.2, são psicológicas/p.3, incidem sobre as almas “pobres” e as
almas “miseráveis”.
Naturalmente não
existem almas pobres nem almas miseráveis, são todas almas, com o devido
respeito que nos merecem. Entrementes, nos países pobres, de terceiro e de
quarto mundos, a consideração que se tem pelos C e D é pequena, quase nula, e é
exatamente porisso que tais países continuam pobres e miseráveis. Pobreza e
miserabilidade são justamente os índices que apontam a incapacidade das elites
para pensar e fazer a realidade melhor e mais alta. Todo esse descaso,
inclusive com os índios que foram mortos em Brasília e em outras partes do país
por estúpidos estudantes desocupados e impunes, a existência dos esquadrões da
morte, os assassinatos que se tornaram corriqueiros, a agressividade sem trava
das máfias, tudo isso indica falta de pensimaginação independente, autônoma,
que se veja e se pratique alta e nobre. Daí que listar a partir das notícias
dos jornais todas essas ofensas ao povo seja desnudar no país a descrença das
elites no povo e deste naquelas, seja noticiar o FOSSO ANTINACIONAL que
redundará mais adiante em grave crise, se nada for feito para reparar os danos
morais e éticos.
Vitória,
sexta-feira, 04 de abril de 2003.
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