terça-feira, 7 de fevereiro de 2017


Aprendendo com os Indianos

 

                            Contrariamente ao que a maioria pensa não são os EUA a fazerem mais filmes no mundo e sim a Índia, 700 por ano, quase dois por dia. Do mesmo modo a China, o Japão e o Oriente todo com os filmes de kung fu: quem conhecia as “artes marciais” antes da década dos 1970? Danaram a fazer filmes de caratê, de jiu jitsu, de taikendô, de aikidô, de todo tipo de luta e nisso difundiram os valores da Ásia.

                            No Brasil só desejam fazer filmes “nobres”, intelectualóides com remorso civilizatório, sem apelo à dignidade dos latinos, dos sul-americanos, dos brasileiros, dos capixabas, dos linharenses, do que for.

                            O que faz a Índia?

                            Com 700 filmes/ano ela pode tocar as 220 nações em 20 anos com 14 mil x 220 =154 mil contatos, no extremo, ao passo que o Brasil faz o quê? Vinte ou trinta no máximo por ano, se tanto. Da quantidade indiana podemos esperar 2,5 % de excelente, 47,5 de bons, 47,5 % de ruins e 2,5 % de péssimos, na ótica do modelo. Os excelentes serão quase 18 por ano. Isso propagará o nome da Índia por todo o mundo humano. Mesmo dos apenas bons e dos ruins ficará o que for bom, favorável, pois as pessoas não desejam se recordar das coisas más. Agora temos visto tanto na DIRECTV (HBO e HBO2, Miramax1 e Miramax2) quanto na NET (Telecines 1 a 5), e nos demais canais de séries que eventualmente passam filmes, inúmeros filmes indianos, aliás bem legais. Ademais, mostram cenários diferentes, outra civilização, o que foge da repetição americana e européia. Como o ser humano está sempre em busca de novidades isso encanta.

                            Resulta que a Índia, inundando o mundo com tantos filmes, está construindo seu espaço, ao passo que o Brasil retarda miseravelmente seu avanço, caminhando a passos de lesmas intelectuais paralíticas, com essa proposta esquizóide de “grandeza”, verdadeiro autismo, nanismo mental. Os governempresas daqui deveriam, nem que fosse por nítidos propósitos econômicos e financeiros de penetração em mercados estrangeiros por identificação deles com a civilização brasileira, predispondo-os à aceitação dos produtos daqui, fazer centenas de filmes, mesmo se com caráter propagandístico.

                            Como disse Raul Seixas, “quem não tem colírio usa óculos escuros, quem não sabe ver bate a testa contra o muro”. Ou algo assim. Ou, como dizia Chacrinha, “quem não se comunica se trumbica”, se dá mal.

                            Vitória, sábado, 22 de março de 2003.

Nenhum comentário:

Postar um comentário