Aprendendo com os
Indianos
Contrariamente ao
que a maioria pensa não são os EUA a fazerem mais filmes no mundo e sim a
Índia, 700 por ano, quase dois por dia. Do mesmo modo a China, o Japão e o
Oriente todo com os filmes de kung fu: quem conhecia as “artes marciais” antes
da década dos 1970? Danaram a fazer filmes de caratê, de jiu jitsu, de
taikendô, de aikidô, de todo tipo de luta e nisso difundiram os valores da
Ásia.
No Brasil só desejam
fazer filmes “nobres”, intelectualóides com remorso civilizatório, sem apelo à
dignidade dos latinos, dos sul-americanos, dos brasileiros, dos capixabas, dos
linharenses, do que for.
O que faz a Índia?
Com 700 filmes/ano
ela pode tocar as 220 nações em 20 anos com 14 mil x 220 =154 mil contatos, no
extremo, ao passo que o Brasil faz o quê? Vinte ou trinta no máximo por ano, se
tanto. Da quantidade indiana podemos esperar 2,5 % de excelente, 47,5 de bons,
47,5 % de ruins e 2,5 % de péssimos, na ótica do modelo. Os excelentes serão
quase 18 por ano. Isso propagará o nome da Índia por todo o mundo humano. Mesmo
dos apenas bons e dos ruins ficará o que for bom, favorável, pois as pessoas
não desejam se recordar das coisas más. Agora temos visto tanto na DIRECTV (HBO
e HBO2, Miramax1 e Miramax2) quanto na NET (Telecines 1 a 5), e nos demais
canais de séries que eventualmente passam filmes, inúmeros filmes indianos,
aliás bem legais. Ademais, mostram cenários diferentes, outra civilização, o
que foge da repetição americana e européia. Como o ser humano está sempre em
busca de novidades isso encanta.
Resulta que a Índia,
inundando o mundo com tantos filmes, está construindo seu espaço, ao passo que
o Brasil retarda miseravelmente seu avanço, caminhando a passos de lesmas
intelectuais paralíticas, com essa proposta esquizóide de “grandeza”,
verdadeiro autismo, nanismo mental. Os governempresas daqui deveriam, nem que
fosse por nítidos propósitos econômicos e financeiros de penetração em mercados
estrangeiros por identificação deles com a civilização brasileira, predispondo-os
à aceitação dos produtos daqui, fazer centenas de filmes, mesmo se com caráter
propagandístico.
Como disse Raul
Seixas, “quem não tem colírio usa óculos escuros, quem não sabe ver bate a
testa contra o muro”. Ou algo assim. Ou, como dizia Chacrinha, “quem não se
comunica se trumbica”, se dá mal.
Vitória, sábado, 22
de março de 2003.
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