quarta-feira, 14 de junho de 2017


Sobrevivência de Médias


 

                            Sempre falam no darwinismo de “sobrevivência do mais apto”, então pensei na “subvivência” do menos apto.

                            Pensemos na média.

                            Médias tem como característica comportarem uma esquerda e uma direita ou um acima e um abaixo ou um à frente e um atrás. Os mais altos, em relação aos mais baixos, são mais aptos porque podem correr mais e agarrar mais presas, de modo que ser mais alto seria um valor de sobrevivência. Não deveria acontecer de as pessoas irem ficando cada vez mais altas, indefinidamente? Contudo, há pessoas de todas as alturas, desde 2,5 metros até 0,5 metro, como os anões. E as pessoas mais fortes? E as de músculos mais rijos? E as de maior resistência? Então, em tese, teriam sobrevivido apenas “os mais”, nunca “os menos”. Entrementes, se os mais altos têm um certo valor, a altura, podem não ter outro, a inteligência, que faz sobreviver os menos-altos. E assim valeria para todas as especificações, de modo que o menos-forte sobreviveria porque é astuto, evasivo, dribla melhor, sei lá. Para cada mais-valor há uma compensação, de modo que no final das contas sempre se pode arranjar um modo de ficar no futuro. E há, como eu já disse, cinco mundos, com cinco AMBIENTES (cidades/municípios, estados, nações, mundos) para cinco PESSOAS (indivíduos, famílias, grupos, empresas), de modo que se os conjuntos da Costa do Marfim fossem postos na Europa, talvez sucumbissem, ou se adaptassem.

                            Enfim, como todos estão vivos e para estar vivo nesse presente que foi futuro de algum passado é preciso ter sido MAIS APTO, todos os que aqui estão SÃO MAIS APTOS. Ficamos com o absurdo, a estranha situação de TODAS AS PESSOAS SEREM MAIS APTAS e o conceito não servir para nada, devendo ser reestudado e redefinido. São mais aptos os mais-altos e são mais aptos os menos-altos. São mais aptos os mais-fortes e são mais aptos os menos-fortes.

                            Há aptidão-corporal e aptidão-mental. Se Jesus não deixou descendentes físicos, deixou-os morais e mentais, sendo bilhões. Tanto num caso quanto no outro a aptidão só pode ser provada NO FUTURO, pois só saberemos se os vivos agora serão aptos QUANDO TIVEREM DEIXADO DESCENDÊNCIA e isto sempre será amanhã. Por exemplo, os ingleses vitorianos não se mostraram todos aptos, muitos sucumbiram. Isso eles não sabiam quando afirmaram. Porisso o darwinismo social é uma fraude desde o nascimento: ninguém pode saber se sobreviverá e por quanto tempo – a aptidão é um julgamento da posteridade. X, que está vivo, é mais apto COMO HERANÇA de seu pai e mãe, mas não sabe se sobreviverá em seus filhos, se os têm.

                            Em resumo, em relação aos mais altos e aos mais baixos, todos sobrevivem e porisso altura não é condição; do mesmo modo força, sabedoria, esperteza e outras categorias, pois todas permitem variação à esquerda e à direita da média. Vai daí que o que sobrevive mesmo é a média e temos esse conceito que deve ser trabalhado: APTIDÃO DE MÉDIA.

                            PARA CLASSIFICAR OU CATALOGAR A PARTIR DE CATEGORIAS O CONCEITO DE APTIDÃO É INÚTIL e todo o darwinismo ou sobreafirmação de Darwin, em particular a social, deve desaparecer, EXCETO como conceito matemático que trabalha médias. Enfim, o darwinismo não tem nem pode ter aplicação simples e direta nos conjuntos; tudo que ele puder fazer virá das médias e dos novos entendimentos que esses novos estudos possibilitem. Como a aptidão de média não foi estudada, até porque está sendo anunciada agora, tudo que se falou do darwinismo deve ser jogado no lixo.

                            Vitória, segunda-feira, 26 de abril de 2004.

Nenhum comentário:

Postar um comentário