Morar por Mais um Mês
e Morar para Sempre e o que Isso Anuncia
Nós moramos de
aluguel. Quem mora assim tem A meses de aluguel, de angústia a cada mês
renovada, como notou Gabriel com uma simples frase que já retratei: “mais um
mês para morar” (quando pagamos o aluguel). Não é àtoa que quase todos correm
para a moradia permanente, da qual pelo menos não podem ser expulsos ou postos
para fora, fazendo um esforço inacreditável para construir ou pagando as
prestações do imóvel ou poupando muito anos para pagar à vista.
Isso anuncia duas
coisas:
1) Que o mundo é uma guerra tremenda, da
qual os que moram permanentemente encontraram um jeito de se subtrair por mais
longo prazo, o que é bom e ruim, pois se de um lado dá sossego, do outro faz
esquecer a pena mais dura;
2) A lembrança mensal do isolamento
humano. Estes optantes, se perdem de um lado do outro ganham a certeza renovada
mensalmente de que não há como refrescar um minuto, pois logo adiante pode
estar um golpe mortal, o “ir morar debaixo da ponte”, quer dizer, ser empurrado
para a mendicância, caso a pessoa decaia.
Ambos os anúncios são do insulamento.
Com certeza ninguém quer deixar de
reconhecer que dar é renunciar ao crescimento da aptidão. Isso é o mínimo. O
que se quer é o aprofundamento.
DOIS
INSULAMENTOS
·
Afastamento menor: menos aguda para elas a lembrança, essas
pessoas se acomodam na falsa segurança, deixando de saber que afinal de contas existe
a outra medida, muito mais dura e reativa;
·
Alheamento maior: assim espicaçado, açoitado, o
indivíduo se coloca em maior prontidão. Lembrado constantemente da natureza
POSSÍVEL (não necessariamente realizável) do ser, ele pode se colocar em maior
índice de resposta ao chamado de aptidão.
Como se vê, a soma é zero em ambos os
casos, mas são duas somas CATEGORICAMENTE diferentes, isto é, de categorias
diferentes, quando medidas por seus produtos ou futuros. Falam de duas
resistências distintas.
Vitória, terça-feira, 22 de junho de
2004.
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