quarta-feira, 28 de junho de 2017


Morar por Mais um Mês e Morar para Sempre e o que Isso Anuncia

 

                            Nós moramos de aluguel. Quem mora assim tem A meses de aluguel, de angústia a cada mês renovada, como notou Gabriel com uma simples frase que já retratei: “mais um mês para morar” (quando pagamos o aluguel). Não é àtoa que quase todos correm para a moradia permanente, da qual pelo menos não podem ser expulsos ou postos para fora, fazendo um esforço inacreditável para construir ou pagando as prestações do imóvel ou poupando muito anos para pagar à vista.

                            Isso anuncia duas coisas:

1)      Que o mundo é uma guerra tremenda, da qual os que moram permanentemente encontraram um jeito de se subtrair por mais longo prazo, o que é bom e ruim, pois se de um lado dá sossego, do outro faz esquecer a pena mais dura;

2)     A lembrança mensal do isolamento humano. Estes optantes, se perdem de um lado do outro ganham a certeza renovada mensalmente de que não há como refrescar um minuto, pois logo adiante pode estar um golpe mortal, o “ir morar debaixo da ponte”, quer dizer, ser empurrado para a mendicância, caso a pessoa decaia.

Ambos os anúncios são do insulamento.

Com certeza ninguém quer deixar de reconhecer que dar é renunciar ao crescimento da aptidão. Isso é o mínimo. O que se quer é o aprofundamento.

DOIS INSULAMENTOS

·        Afastamento menor: menos aguda para elas a lembrança, essas pessoas se acomodam na falsa segurança, deixando de saber que afinal de contas existe a outra medida, muito mais dura e reativa;

·        Alheamento maior: assim espicaçado, açoitado, o indivíduo se coloca em maior prontidão. Lembrado constantemente da natureza POSSÍVEL (não necessariamente realizável) do ser, ele pode se colocar em maior índice de resposta ao chamado de aptidão.

Como se vê, a soma é zero em ambos os casos, mas são duas somas CATEGORICAMENTE diferentes, isto é, de categorias diferentes, quando medidas por seus produtos ou futuros. Falam de duas resistências distintas.

Vitória, terça-feira, 22 de junho de 2004.

Nenhum comentário:

Postar um comentário