quinta-feira, 29 de junho de 2017


Solidão da Dança

 

                            Da música de Paulinho da Viola, Dança da Solidão, posta em anexo, copiada da Internet.

                            O proscênio (Aurélio Século XXI digital S. m.  1. Nos antigos teatros gregos e romanos, e também no teatro elisabetano e demais palcos antigos, o espaço de maior dimensão compreendido entre a cena e a orquestra (ou a platéia), e onde se verificava a maior parte da ação dramática.  2. A parte anterior do palco italiano (q. v.), de menor dimensão, que vai do pano de boca até o limite com a orquestra ou a platéia:   3. P. ext.  Palco, cena.) dividido em dois, um escuro e outro claro, representando inferno e Céu na Terra, as duas opções de vida (e morte) dos seres racionais (pois os irracionais estão livres tanto do Céu quanto do inferno).

                            No lado escuro passam-se as coisas supostas negativas, comunhão racional que compete em tudo, pessoas sozinhas vagando, mulheres carregando caixões nas costas (representando os amores perdidos), uma imensidão de gente como que num inferno revoluteando, angustiada em suas paixões ou prisões. Do outro lado alguém vestido de branco, de preferência um negro (escuro que passa ao branco, das paixões às renúncias, que também podem ser ilusórias), representando a pessoa que renunciou às ilusões do pensamento. A soma é zero, há algo de bom e de ruim em tudo; se do lado branco há a perfeição de alguém que calmamente toca o violão, há solidão – pura, perfeita solidão: “corro os dedos na viola contemplando a lua cheia”, canta ele, sentado só na banqueta, falando cheio da consternação dos puros que julgam os outros (haverá nisso a chance de verdadeira pureza dos “iluminados”, a pureza que não julga, havendo dos dois lados duas portas, uma de cada lado, visivelmente representadas, sobre as quais se escreverá: “quem beber daquela água não terá mais amargura” = SUJEIRA, contaminação).

                            Então, de cima, sobre ambos os lados, vem quilos e quilos e quilos de “lava”, cinza escura que cobre tudo, ao que todos terminam: “amargura (da solidão) em minha boca, sorri meus dentes de chumbo”, demonstrando que dos dois lados existe solidão (este instante representando os julgamentos imperfeitos dos racionais sobre os atos humanos).

                            Vitória, terça-feira, 22 de junho de 2004.

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