Coração Quebrado
Da música de Mário
de Andrade e Ary Kerney, Viola Quebrada,
que Rolando Boldrin canta.
1. “Quando da brisa no açoite”, o frio da
noite, arrepiando os cabeços do braço;
2. “A flor da noite se acurvou”, o SOL DE
MORTE SE DOEU (uma pessoa representando o Sol se dobra);
3. Senti um golpe duro (um machado corta
figura computacional de cima abaixo);
4. “Quando ao muro já no escuro meu olhar
buscando a cara dela não achou”, olhar cheio de espanto, todo o teatro cai na
escuridão, nenhuma luz (de Maroca) se vê; deve continuar assim até a última
estrofe, quando acende subitamente;
5. “Minha viola gemeu”, grito lancinante
da viola, elevadíssimo; pungentíssimo, rachando os ouvidos;
6. “Minha viola quebrou”, som de violão
sendo quebrado;
7. “Meu coração me deixou” – literalmente,
um coração voando pelo teatro;
8. DIZ COM DEBOCHE E RUÍNA DE ABANDONO,
grita “porque o fadista nunca sabe trabalhar”, o que transa nunca sabe
satisfazer;
9. Berra: ISSO É BESTEIRA. Pronuncia, com
acinte ou pirraça, “pois da flor que brilha e cheira (a vagina) a noite inteira
vem, depois, a fruta (semente) que dá gosto de saborear (os filhos) ”;
10. “Por causa dela sou um rapaz muito
capaz de trabalhar”, sai pelo palco ao modo antigo elevando os braços em
desespero, como se trabalhar fosse a última coisa, que ele fará para sustentar
os filhos da Maroca;
11. “E todos os dias (e) todas as noites
capinar” – uma folhinha vai tirando dia após dia, muito rapidamente, passando
décadas;
12. “Eu sei carpir porque minha alma está
arada e loteada, capinada com as foiçadas desta luz do seu olhar” (duas
lanternas saindo de uma figura subitamente se acendem, apontando para ele, que
é então encontrado, todas as luzes do teatro se acendendo também. Repete).
Volta a “minha Maroca resolveu pra
gosto seu me abandonar”, fala e aponta para as mulheres do teatro, vai descendo
a acusa uma por uma, repetidamente, cantando dolorosamente.
Vitória, segunda-feira, 28 de junho de
2004.
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