quinta-feira, 29 de junho de 2017


A Lagoa que Era Isso Aqui

 

UM MAPA DA AMÉRICA DO SUL NO ATLAS MUNDIAL ENCARTA 2000


Desenhei com caneta e régua mesmo, na falta de algo melhor.

Observe que, depois de erguidos os Andes o solo foi progressivamente sendo levantado pela penetração desde a esquerda ou Oeste da Placa de Nazca, que entrou por debaixo da Placa da América do Sul. Na medida em que ia subindo, o mar se tornou um imenso rio. Se o Amazonas de agora, com 100 km ou mais na foz, junto à Ilha de Marajó, é julgado imenso, pense que aquele outro rio mais antigo, o páleo-rio, era um canal realmente majestoso.

Olhando na posição Norte-Sul atual, à esquerda do Planalto das Guianas ficava um canal de mais de 330 km; o canal que ia do atual Maranhão, no Brasil, até o PG dava mais de 1.350 km. No Sul, para os lados da Argentina, mais de mil quilômetros, de modo que quando estamos falando de rio, ESSE ERA O RIO DOS RIOS, um canal monstruoso só igualado pelo páleo-Colorado. As duas bocas do Norte acumulavam numa bacia espantosa que engoliria hoje o estado do Amazonas, parte da Colômbia, parte do Peru, parte da Bolívia e mais ainda, uns três milhões de km2. Era um mar interior imenso, maior que o Mediterrâneo atual. Maior que ele só a grande bacia do Colorado e maior que ambos juntos o antigo Saara.

Era um rio marinho, é certo, mas um rio; portanto, caudaloso, com imensas correntes correndo de norte para sul ou vice-versa, não sei, com os Andes numa margem e o Planalto Brasileiro na outra, com o Planalto das Guianas como uma ilha. Nas margens se desenvolvia vida, com tudo que isso pode ter de distintivo, vida que esteve separada largo tempo, porque a vida do Planalto Brasileiro vinha da África, era antiga, parente da outra que tinha sido largada para trás tantos milhões de anos atrás, mas a da esquerda era nova, autenticamente sulamericana, autônoma, recém-surgida, independente, vida dos Andes.

A VELHA VIDA QUE VEIO DA ÁFRICA (desde 280 até 70 milhões de anos antes, quando começou a migração)


Essa vida tinha páleo-ambiente, mas a vida nova, que se desenvolveu nos últimos 280, especialmente nos mais recentes 70 milhões de anos, não tinha precedentes. Era VIDA NOVA mesmo. Embora o ADRN seja de fundo comum, foi novo aproveitamento. E como eram diferentes as duas vidas se chocaram quando o grande rio se tornou um “filete” (de algumas dezenas de quilômetros de largura média), depois um fio e finalmente se fechou, restando os rios atuais, O embate deve ter sido tremendo e como em toda guerra deixou esqueletos das colisões de duas forças titânicas, uma velha e sábia, outra nova e audaciosa. Esses esqueletos podem ser procurados. Se achados e se confirmarem as proposições, os postulados, isso garantirá um palmilhamento superinteressante e novos caminhos de pesquisa para os paleontólogos.

A NOVA VIDA, QUE SE DESENVOLVEU NOS ANDES


Você pode perceber facilmente que isso muda todo o panorama.

Vitória, domingo, 27 de junho de 2004.

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