Quem
Acredita Nesses Índices Malucos?
Li
em alguma parte que o preço do metro quadrado no centro de Tóquio chegou a um
milhão de dólares, o que daria 450 milhões por um terreno pequeno como a casa
dos meus pais em Linhares, ES, de 15 metros de frente por 30 metros de fundos,
450 metros quadrados. Caro, mas aceitável, pode acontecer mesmo, embora um
prédio assim saia extraordinariamente custoso para qualquer economia, mesmo a
do Japão, só o lote mais da metade do preço total do Queen Mary 2, que ficou pronto
e navegando por US$ 850 milhões.
Depois
li na Internet que o preço de uma milha quadrada de lá custava TANTO QUANTO
TODO O ESTADO DA CALIFÓRNIA. Uma milha tem 1.609 m, de modo que uma milha
quadrada tem 2.588.881 m2, que multiplicados por um milhão daria perto de 2,6
trilhões de dólares, não apenas mais que os terrenos todos da Califórnia como
de fato a renda anual de lá, embora seja o estado americano mais rico, numa
economia de US$ 10 trilhões, todos os EUA. Como a renda do Japão não chega aos
cinco trilhões, seria metade dela.
Supondo
que fosse um bloco só, com 50 andares de altura, com escritórios de apenas 15
m2, cabendo num único prédio [(450/15 =) 30 por andar x 50 =] 1.500 deles. Com
5.753 prédios naquela área, teríamos 8,63 milhões de escritórios, cada um
custando 300 mil dólares. Tremendo bloco de 1,6 por 1,6 km por 50 andares de
altura, com escritórios de 3 x 5 metros custando cada qual 300 mil dólares. É
abismal. Sem espaço para elevadores, luz de fossos, circulação nem nada; se
colocarmos isso o preço talvez salte para o dobro.
O
fato é que ninguém faz contas.
Neste
mundo ligeiro e sem responsabilidade social, qualquer um pode anunciar qualquer
coisa e fica porisso mesmo. Não é só o povo que está indefeso perante as
mentiras e os exageros, somos todos. Não é que não possa haver UMA ou outra
situação pontual em que se apresente aquela condição, é que essa coisa especial
é multiplicada, naquilo que um dos nossos amigos, o professor-doutor GHB chamou
outrora de “otimismo multiplicador”. Tudo dá certo quando não se exige
precisão. E quem se contenta com isso que fique com afirmações falsas
estocadas.
Vitória,
segunda-feira, 26 de abril de 2004.
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