terça-feira, 27 de junho de 2017


Radiografia da Montanha Celestial

 

                            É preciso pensar que a montanha em que a Casa Celestial foi instalada era mesmo muito especial e foi escolhida devido a muitos fatores, como já ficou posto, como ventos dominantes, fontes de água, altura máxima de 500 metros ou em torno disso, declividade não-acentuada para favorecer a instalação dos terraços, rio passando ao pé, mar próximo (naquela época, claro, quase seis mil anos atrás), uma quantidade de coisas.

                            Porém, mais que tudo, era montanha granítica com uma fenda enorme de cima abaixo, dando no lençol freático e podendo ser usada posteriormente para a fuga (que Adão planejou para os tataranetos, muitos séculos depois, e realmente aconteceu, dois milênios adiante). Era como se tivesse sido talhada a facão de cima abaixo. Por dentro granito, por fora terra, porque o afloramento solitário dentro do mar viu-o ser coberto pelas aluviões do proto-Tigre e do proto-Eufrates, até que a pedra mesma foi coberta por terra, grama, árvore e a fenda que a separava em duas foi ocultada. Quando Adão chegou já não era visível a olhos sapiens, mas da Grande Nave, com seus aparelhos de medição, sim, de modo que ele a radiografou de cima abaixo, como fazemos hoje com tomografia computadorizada e viu cada pequeno buraco que ela tinha. Alguns deixou abertos para os servos que treinaria e outros fechou, disfarçando-os de qualquer olhar, até dos atlantes descendentes, mas não de cada um que seria depois o governante da futura Casa Grande.

                            A fenda vertical se abria até abaixo do solo e acima do lençol freático, numa série de condutos; outros ele abriu num labirinto extraordinário onde as pessoas sem guia se perderiam. E deixou uma máquina “eterna”, de bateria inesgotável, com esse governante por sucessão; ela inequivocamente conduziria o portador até as saídas. Dois milênios depois foram usados para levar as relíquias remanescentes embora, pois o objetivo era justamente evitar que a humanidade tivesse conhecimento delas, até o momento certo. Dessas fendas e buracos sem saída nem os servos, nem muito menos os governantes, falavam. Os servos a ninguém, fora aos atlantes da Casa Governante. Os governantes a ninguém, nem mesmo às mulheres e aos filhos; ao primogênito apenas no dia mesmo em que por sua vez lhe nascesse o primogênito e fosse o pai deste empossado como o novo governante.

                            Vitória, sexta-feira, 11 de junho de 2004.

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