quarta-feira, 28 de junho de 2017


Demônio, Vá Embora

 

                            Da música de Tom Jobim, Borzeguim (No Aurélio Século XXI digital: S. m. 1. Botina cujo cano é fechado com cordões) posta em anexo, a encenação que se seguirá.

                            Enquanto um canta outros descendo e vão dizendo frases nos ouvidos dos espectadores, pois todos crêem que demônios são os outros, nunca esperam que os outros os vejam fazendo o mal.

                            Enquanto isso, em telões vão passando cenas campestres, só que diversas, as pessoas que tinham intenção de pegar os tatus devolvendo-os e a natureza que vinha sendo morta vendo-se replantada e reintroduzida, desconstruindo-se edifícios para formar matas, mas mesmo assim havendo espaço para pessoas e plantações, que se tornam mais aprimoradas. Gravadores de alta potência, postos perto do mato, transferem seus sons. Baleias “falam” sua língua enquanto se canta, todas as composições da Natureza vão sendo tocadas enquanto a música é repetida.             

                            E faz-se isso como um mantra, como uma prece contra o demônio, um exorcismo: vá embora, vá embora, vá embora, se manda, vá para longe, largue-nos, deixe-nos viver em paz. De toda parte, como crianças vestidas mesmo, vem o mato, a cotia, a fruta do mato, o vento, a cordilheira, a capivara, o sertão, etc.
                            Vitória, segunda-feira, 21 de junho de 2004.

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