Se Deus Não Lhe
Pagar...
Da música de Chico
Buarque, Deus Lhe Pague, texto em
anexo.
Devem ser muitas
pessoas, todas falando alto, mas no tom da música, gritando mesmo, várias vozes
da mesma melodia. Em todas as paredes do teatro haverão telões onde passarão
cenas chocantes do cotidiano em rápida sucessão. As vozes irão se assanhando,
estrondosas, os alto-falantes explodindo dentro da câmara, muitos quilowatts.
Os instrumentos serão tocados também cada vez mais alto – é a balbúrdia geral,
uma gritaria infernal, a ponto de machucar os ouvidos de cada um e de todos
(que devem ser prevenidos antes, recebendo tampões de ouvido, caso queiram –
nessa situação sentirão as vibrações na pele e através das cadeiras). Imensos
tambores devem ribombar.
Ao final camisas
(que os espectadores levarão para casa) serão jogadas, estampadas nelas cenas
dos jornais (pessoas assassinadas, guerras, notícias de guerra, roubalheira nos
governos, tudo de ruim – a cada apresentação serão diferentes).
Vitória,
quarta-feira, 16 de junho de 2004.
Nenhum comentário:
Postar um comentário