Restaurantes-Flor
A Vida antes, os
primatas, os hominídeos, os sapiens sempre dependeram do verde, que está em
toda parte; as cores brilhantes das flores e dos frutos são o apelo de
reprodução, mesmo para quem como os humanos e os pássaros são só os transportadores.
E esses coloridos são notícia de futuro, portanto índice de beleza e de alegria
– remetem à possibilidade de sobrevivência. São as chamadas “cores vivas”, por
oposição às “cores mortas”, associadas à morte. Por conseguinte, onde houver
colorido vai estar presente a satisfação, de um jeito ou de outro. Mas há
outros índices, por exemplo, a simetria, a harmonia, as combinações favoráveis.
Se
um restaurante fosse pintado, todo ele, mesas, pilastras, cadeiras como fazendo
parte de uma paisagem, sem abuso, sem estardalhaço, sem exagero, ele se
tornaria franqueável mundialmente. Se houvesse flores (mas não de plástico,
pelo amor de Deus!) discretas, trocadas todos os dias, melhor ainda. Teria de
ser entregue a decoração a profissionais, não fossem os leigos tentar
combinações de cores – mas há aí uma infinidade de possibilidades para os
tecnartistas se expressarem.
Uma
notícia assim causaria frisson em todo o planeta, ainda mais se fosse o
restaurante sempre limpinho, cheiroso, refrescado, com água corrente e
murmurejante, aberto, iluminado, ventilado. Com garçons e garçonetes vestidos
também de roupas coloridas à Havaí – porém sem frescuras e boiolagem. Tem de
ser coisa suave e serena, verdadeira aromaterapia, trabalhada sucessivamente
durante décadas até se chegar ao mais completo apuro, com grande simplicidade,
havendo depuramento dos acessos anos após ano, até se chegar à fórmula da
multiplicidade unida à singularidade: diferentes fórmulas para o mesmo
propósito.
Se
a isso pudessem ser acrescidos preços módicos, qualidade de atendimento, sabor,
presteza, controle da fabricação e outros índices, essa cadeia de restaurantes
se tornaria verdadeiramente mundial, indo de país em país a todas as longitudes
e latitudes, fazendo sucesso especial nos lugares frios, nevados.
Vitória,
sexta-feira, 16 de abril de 2004.
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