segunda-feira, 5 de junho de 2017


Proporção das Forças na Guerra de Ílion

 

                            Na coletânea Adão Sai de Casa, para visualizar (como aconteceria depois com Constantinopla durante o cerco final) os derradeiros dias antes da destruição final da Tróia Olímpica, da Montanha Iluminada em Uruk que depois de dois mil anos de domínio estava finalmente caindo, ainda que com valentia, devemos estimar números. Se nos últimos 500 anos ela fora cínica (= ATLANTE, etc., na Rede Cognata), debochada, cruel, ditatorial ou despótica, tirana com todos e cada um, até mesmo os melhores aliados jurados, extraindo tributos de todos, nos últimos momentos voltou à grandeza que alguns encontram diante da morte iminente.

                            Podemos estimar que toda a Montanha Iluminada tivesse, de descendentes de atlantes, umas 20 mil pessoas (umas cinco mil famílias), uma cidade pequena numa única montanha. Mais além dos muros se situavam uns 80 mil servos que foram em parte trazidos para dentro das muralhas e lentamente enviados embora pelos túneis das rotas de fuga para muito além do cerco (por esses caminhos vinha alguma comida). Mortos milhares de servos e de atlantes nos dez anos de lutas ficaram nos últimos momentos o quê? Uns cinco a dez mil, talvez, mas fazendo frente a milhares, de início centenas de milhares, dos quais uma enormidade morreu, outra parte passou fome e se retirou com autorização dos reis, uns adoeceram, outros debandaram, outros pegaram doenças – todos viraram uns molambos esfarrapados, diferente de quando chegaram orgulhosos e se pavoneando dez anos antes. Podemos contar que dentro eram de início uns 60 mil contra centenas de milhares, perto de um milhão, vindos de todos os cantos da Terra, com milhares de barcos, com carruagens e carroças, com cavalos, a pé, transportando todo tipo de barraca com muitas cores dos reis que se jactavam de conquistar a Cidade de Adão ou Ílion. Enfim, a proporção devia ser de quase 20 para um, de modo que uma espécie de euforia do “já ganhou” tomou conta de todos no começo do cerco, minguando até zerar uma década depois. Os chefes tentavam empurrar os subalternos, mas inutilmente, os 10 anos pesavam. Os de dentro, apavorados na chegada deles, pois eram como gafanhotos que tomassem o horizonte, pelo lado do fim estavam magros e famélicos, mas estranhamente belos em sua emaciação. Imponentes, mas sem desafiar, porque sentiam que o fim estava chegando irreversivelmente. E começaram a se preparar para a retirada pelos túneis, Taré e os seus, logo que Noé morreu. Quando com malícia a cidade foi invadida os invasores já não os encontraram lá dentro, tinham ido, colunas de milhares, para o Oeste.

                            Vitória, sábado, 27 de março de 2004.

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