quarta-feira, 14 de junho de 2017


Professor de Literatura ou Leitor Profissional

 

No livro de Thomas C. Foster, Para Ler Literatura como um Professor, São Paulo, Leya, 2010 (original de 2003), ele pretende ensinar as pessoas a lerem as entrelinhas, os códigos que levam às mais profundas e significativas experiências do leitor de livros, o que já afirmei ser tarefa extremamente complexa.

AUTOR.
LIVRO.
Thomas C. Foster
Americano.
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Nos EUA eles têm aquelas leituras em sala de aula que tentei, lá por 1990, introduzir na educação capixaba com o então secretário estadual José Eugênio Vieira, aparentemente sem sucesso, junto com leitura constitucional e outras modificações.

Eis qualquer coisa de formidável, a desse Foster.

LEITURA EM CINCO NÍVEIS

1.       Do analfabeto (ele não lê, então tem de aceitar qualquer coisa que digam);

2.      Do alfabetizado inicial (o chamado “analfabeto funcional”, lê, mas não entende o que está lendo, ou só parcialmente, de modo truncado);

3.      Do plenamente alfabetizado (sabe as letras, junta em palavras, cria frases que compõe cenários, representa a realidade, tem provisão de substantivos, adjetivos e verbos, consegue conjugar os tempos verbais);

4.     É amplamente hábil, alcança as sutilezas linguísticas, consegue escrever, absorve as argúcias dialógicas);

5.      É o mestre consagrado que o Foster quer indicar.

Chegar a esse nível cinco da língua é um bom caminho, uma notável caminhada até o cume do mundo – naturalmente aqui se situam os grandes literatos praticantes e os teóricos linguistas, filólogos e professores (não necessariamente os do departamento de letras ou de línguas) gabaritados, altamente instruídos ou auto ilustrados.

Não é fácil atingir a proficiência, mas seria da maior utilidade para jornalistas e os do Conhecimento (Magia-Arte, Teologia-Religião, Filosofia-Ideologia, Ciência-Técnica e Matemática, por necessidade de expressão, pois os matemáticos quase não necessitam da língua vernácula ou nacional – foi o que quis mostrar outrora no departamento de matemática na UFES, quando tentei fazer o curso) sem falar os alunos e o povo.

Faria o maior sentido apurar a língua do país até esse nível, começando do jardim de infância, sem imposições.

A distinção que podemos fazer é que “leitor profissional” pode ser leitor de tudo e mais um pouco, até de bulas; professor de literatura é o leitor profissional de livros de toda espécie e significaria muito para os governempresas ter esse interpretador a postos, especialmente no caso da dialógica judicial tão emaranhada (advogados, promotores, procuradores e juízes são leitores específicos de literatura judiciária).

O Brasil precisa se preparar para isso, para este salto.

Vitória, quarta-feira, 14 de junho de 2017.

GAVA.

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