Professor de
Literatura ou Leitor Profissional
No livro de Thomas C.
Foster, Para Ler Literatura como um Professor, São Paulo, Leya, 2010
(original de 2003), ele pretende ensinar as pessoas a lerem as entrelinhas, os códigos
que levam às mais profundas e significativas experiências do leitor de livros,
o que já afirmei ser tarefa extremamente complexa.
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AUTOR.
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LIVRO.
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Americano.
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Nos EUA eles têm aquelas leituras em sala de
aula que tentei, lá por 1990, introduzir na educação capixaba com o então
secretário estadual José Eugênio Vieira, aparentemente sem sucesso, junto com
leitura constitucional e outras modificações.
Eis qualquer coisa de formidável, a desse
Foster.
LEITURA
EM CINCO NÍVEIS
1. Do analfabeto (ele
não lê, então tem de aceitar qualquer coisa que digam);
2. Do alfabetizado
inicial (o chamado “analfabeto funcional”, lê, mas não entende o que está lendo,
ou só parcialmente, de modo truncado);
3. Do plenamente
alfabetizado (sabe as letras, junta em palavras, cria frases que compõe
cenários, representa a realidade, tem provisão de substantivos, adjetivos e
verbos, consegue conjugar os tempos verbais);
4. É amplamente hábil, alcança
as sutilezas linguísticas, consegue escrever, absorve as argúcias dialógicas);
5. É o mestre consagrado
que o Foster quer indicar.
Chegar a esse nível cinco da língua é um bom
caminho, uma notável caminhada até o cume do mundo – naturalmente aqui se
situam os grandes literatos praticantes e os teóricos linguistas, filólogos e
professores (não necessariamente os do departamento de letras ou de línguas)
gabaritados, altamente instruídos ou auto ilustrados.
Não é fácil atingir a proficiência, mas seria
da maior utilidade para jornalistas e os do Conhecimento (Magia-Arte,
Teologia-Religião, Filosofia-Ideologia, Ciência-Técnica e Matemática, por
necessidade de expressão, pois os matemáticos quase não necessitam da língua
vernácula ou nacional – foi o que quis mostrar outrora no departamento de
matemática na UFES, quando tentei fazer o curso) sem falar os alunos e o povo.
Faria o maior sentido apurar a língua do país
até esse nível, começando do jardim de infância, sem imposições.
A distinção que podemos fazer é que “leitor
profissional” pode ser leitor de tudo e mais um pouco, até de bulas; professor
de literatura é o leitor profissional de livros de toda espécie e significaria
muito para os governempresas ter esse interpretador a postos, especialmente no
caso da dialógica judicial tão emaranhada (advogados, promotores, procuradores
e juízes são leitores específicos de literatura judiciária).
O Brasil precisa se preparar para isso, para
este salto.
Vitória, quarta-feira, 14 de junho de 2017.
GAVA.


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