quarta-feira, 14 de junho de 2017


Maravilhoso Sabonete é o Mundo

 

O mundo é muitas coisas.

Como já disse inúmeras vezes, inclusive nas memórias, saímos de Cachoeiro do Itapemirim (sul do estado) para Linhares (norte do ES) em 1963, tinha pouco mais de nove anos. Não me recordo nitidamente como tomávamos banho, com que tipo de sabão, vivíamos na pobreza (mas não na miséria, os pobres trabalham, os miseráveis pedem). Em Linhares melhoramos bem de vida, passamos à classe média de então, primeiro, mamãe nos dava sabão fabricado (ela se tornou  extremamente competente na fabricação, eu acompanhava: separar os sebos, colocar o grande tacho no fogo de lenha, mexer, enformar, desenformar as peças maiores paralelepipedais, cortar aproximadamente em cubos, colocar para secar), depois ele serviu somente para as roupas, para banhos passamos ao sabão de coco, que era maravilhoso, espumava muito, limpava, cheirava agradavelmente. Só mais tarde chegamos aos sabonetes, uma novidade maravilhosa, que foi se diversificando fantasticamente até chegar aos formidáveis Phebo (só mais tarde vim a saber do apelido de Apolo-Phebo) e outros, mamãe tinha o cuidado de comprar os mais baratos, nunca os caríssimos ou caros.

A partir de certo ponto de enriquecimento do Brasil, os sabonetes foram se multiplicando em quantidade e qualidade, chegamos aos sabonetes líquidos e aos absurdamente onerosos, das elites, provavelmente tipos que nunca vi. Agora devem ser milhares de espécies. Mesmo se você se dispuser a usar um até acabar e for trocando para os diferentes, sem nunca voltar ao primeiro, pode demorar anos até consumir todos os tipos. Acho que faria sentido alguém esgotar em livro o assunto, principalmente em e-livro, para evitar o custo exorbitante das páginas impressas coloridas.

Veja, o mundo atual é esse excesso, embora não seja só de sabonetes: é a diversidade não-consumível, inesgotável, não obstante, a população está sempre aborrecida - é isso que “não entendo”, é isso que revolta: que, mercê ou benefício da grande oferta, não sejamos felizes.

Não é assombroso?

Vitória, quarta-feira, 14 de junho de 2017.

GAVA.

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