quarta-feira, 14 de junho de 2017


Manual da Morte

 

Os egípcios antigos eram sombriamente preocupados com a morte, ela estava em toda parte, inclusive da tentativa infrutífera dos faraós de subsistirem (isso, como coloquei em Alfa Ômega, deve ter sido a continuação ou prosseguimento decadente de tecnociência alienígena) nas mumificações (que só por retirar os órgãos e o cérebro prepararia o contrário do que desejavam, ficando só o menos importante, como pele, músculos e ossos).

Só para começar, não estou falando disso, de modo nenhum.

Contudo, a morte atual, neste mundo extraordinariamente complexo, é extremamente complexa também, é disparatadamente complicada, porque não é mais apenas rompimento físico-químico, tem dimensões superiores, que vão do biológico-p.2 ao dialógico e à língua.

É TUDO ISSO QUE MORRE NO INDIVÍDUO

MACROPIRÂMIDE
N.5, natureza cinco
22
Pluriverso
p.6
DEUS
21
Universos
Máximos controladores.
20
Superaglomerados
Dialógica
H7
19
Aglomerados
H6
N.4, natureza quatro
18
Galáxias
p.5
H5
17
Constelações
H4
16
Sistemas estelares
Cosmologia
H3
15
Planetas
H2
MESOPIRÂMIDE
N.3, natureza três
15
Mundos: TERRA AGORAQUI.
p.4
 
 
Humanidade = H1.
14
Nações
13
Estados
Informática
12
Cidades-municípios
N.2, natureza dois
11
Empresas
p.3
10
Grupos
09
Famílias
Psicologia
08
Indivíduos
MICROPIRÂMIDE
N.1, natureza um
08
Corpomentes
p.2
07
Órgãos
-1
06
Células
Biologia
-2
05
ADRN-replicadores
-3
N.0, natureza zero
04
Moléculas
Química
-4
03
Átomos
-5
02
Subcampartículas (10-18 m)
Física (17 degraus).
-6
01
Cê-bóla © (10-35 m) (10-44 s)
CAMPARTÍCULA FUNDAMENTAL.

Nas escolas e nos lares a morte é assunto proibido, sacramentando como o silêncio, como era antes o câncer, há 60 e até há 30 anos, agora mais falado.

Evitando falar da morte, não a evitamos.

TUDO MORRE UM POUCO QUANDO MORRE O INDIVÍDUO (só os indivíduos morrem realmente)

MORREM OS AMBIENTES.
Mundos morrem um pouco.
Nações morrem um pouco.
Estados morrem um pouco.
Cidades-municípios morrem um pouco.
MORREM AS PESSOAS.
Empresas morrem um pouco.
Grupos morrem um pouco.
Famílias morrem um pouco.
Indivíduos são os únicos que morrem realmente.

Porém, a morte individual atual é composta de várias seções: preocupações com seguro de vida (de morte, fica para os que ficam), processo de enterro, cuidados com os que ficam (casa a herdar, se houver, propriedades a pré ou pós distribuir, cuidados com os livros para não serem vendidos a preço de banana podre pelos filhos e filhas, apreensão do marido com a esposa, dívidas porventura existentes, ações na Justiça, posses como ações, apartamentos, casas, o que for,  atenção para o gato ou o cachorro ou qualquer animal doméstico), um mundo de coisas que deveriam caber num livro ou pelo menos num caderno de instruções, porque a maioria é desatenta ou não quer pensar em sucumbir, passar pela suprema derrota. Há o pagamento do féretro, a prestação eterna da tumba, a campa ou catacumba, o caixão, todas essas chatices da existência humana (mas que faz tanto sentido para quem permanece).

Ninguém nos instrui e poucos são aqueles capazes de enfrentar racionalmente o “passamento” (como se você meramente atravessasse uma porta). Não há Escola da Morte, nem Manual da Morte que nos ensine os procedimentos na iminência da morte ou na velhice (não faria muito sentido para os muitos jovens, como não o faria ir para o bar com uma lista de preocupações no caminho de lá ou no retorno). Há o manual hindu Kama Sutra sobre o sexo, porém nada sobre o fim da vida.

Penso que deveria haver.

Não seria coisa governamental, quase tudo que os governos colocam as mãos acabam por minguar.

Vitória, quarta-feira, 14 de junho de 2017.

GAVA.

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