Pequenas Notícias de
TO
Como disse outrora o
autor da trilogia Sexus, Plexus e Nexus (Henry Miller), o papa também defeca, sendo preciso não
perder de vista as coisas miúdas em Tróia Olímpica, porque elas é que darão
foros de credibilidade a toda a pesquisa & desenvolvimento teórico &
prático dos contos celestiais.
1. AS
HORTAS DE TO:
pois as pessoas se alimentam e nada dá tanta intimidade às tramurdiduras dos
filmes quanto pessoas agachadas cuidando de ervas daninhas, pois isso fala ao
coração. É um ato tão íntimo quanto escovar os dentes. Fazer tarefas braçais é
personalíssimo e reparador das energias mentais, quando se fica muito no
intelectual. Os celestiais, que não precisavam disso, pois tinham milhares de
servos, cuidavam atentamente das flores e plantas, enquanto os servos tratavam
das hortas e aprendiam pela primeira vez a organizar sistematicamente a
alimentação em tempos tão recuados quanto cinco mil anos atrás;
2. OS
BANHEIROS QUE FORAM DEPOIS ESQUECIDOS: este desenho, como suposta base do que foram depois
Mohenjo Daro e Harappa na Índia, onde historicamente foram descobertos os
primeiros banheiros. Vide anexo abaixo. É evidente que milhares de celestiais e
dezenas de milhares de servos urinam e defecam e toda essa produção devia ser
conduzida por gravidade para baixo da Montanha Celestial e para usinas de
tratamentos de eflúvios, não sendo os atlantes ignorantes que deixassem esses
restos contaminar o lençol freático, nem os rios e lagos da região, para não
dizer o mar (onde se perderiam, devido à insignificante comparação percentual).
Faziam descer por encanamentos, mas não de plástico nem de ferro, seria um
exagero colocar usinas de ferro e aço no passado distante – eles não teriam
motivação para tal. Contudo, sabiam perfeitamente os danos potenciais de lixo e
esgoto não tratado, de forma que por perto deviam existir lagoas de tratamento,
semelhantes aos “pinicões” de hoje. E cada casa devia ter chuveiros, tanques,
banheiras, vasos sanitários, muito próximo do que temos hoje (mas não para os
servos, neste caso muito mais simples);
3. TRATAMENTO
DE ÁGUA E ESGOTO EM TO:
deve ser dado alguma atenção a isso, até para espalhar mundialmente a idéia
desse tratamento (se os “deuses” do passado faziam, porque o povo de agora não
seguiria o exemplo?). Porém, não se pode assemelhar ao que existe hoje, embora
a lógica da ordem de idéias seja a mesma: tratamento da água servida e
tratamento de esgoto, o que pode ser feito naqueles poços e açudes onde depois
se pescaria (nadando-se na água depois de limpa para mostrar aos servos não
haver perigo);
4. O
BRILHO DAS MULHERES NO CÉU:
naturalmente mulher é sempre semelhante, atlante ou atual – elas gostam de se
enfeitar. As celestiais, vivendo centenas de anos, mais que quaisquer umas, de
modo que elas mesmas ou os homens deviam desenhar jóias belíssimas a serem
usadas por todos (homens, mulheres e crianças), segundo um profundíssimo
sistema de representação do status de proximidade parental com o Grande Rei,
Adão, e a Grande Rainha, Eva. Tinham significado, as jóias, todas e cada uma.
Não eram apenas belas, basicamente representavam as várias posições, o que
tinham realizado, onde tinham ido, etc. As mulheres, claro, usavam em muito
maior profusão, enquanto as dos homens eram sóbrias e as das crianças apenas
festa. As mulheres tinham uma para cada hora do dia e da noite, cara estação do
ano, para sol e chuva, para dias de prazer e de dor, para tudo mesmo;
5. AS
JÓIAS CELESTIAIS: evidentemente
as jóias eram estacionais, diurnas e noturnas, referindo-se ao prazer ou à dor,
a dias festivos e de guerra, a uns e outros, a glórias passadas e expectativas
futuras. Não eram apenas formais, como agoraqui, eram também JÓIAS CONCEITUAIS,
expressando o espírito ou as concepções de todos e cada um. Porisso uma jóia
podia ser preparada durante anos ou mesmo décadas, sendo elaboradíssimas. As
atlantes, particularmente, trabalhavam nelas, colocando toda sua inteligência
expressiva a favor da representação formestrutural;
6. OS
SALÕES DE TO: os
objetivos não eram os de assombrar os visitantes, pois não havia oposição que
diminuir, e sim os de celebrar o Grande Rei e a Grande Rainha, quando vivos, e
depois de mortos mais ainda, à medida que a ausência se fazia sentir. Então,
eram imensos, muito deles sendo verdadeiros oratórios a Deus, o distante Senhor
que os havia punido com desterro, com banimento sem volta e sem perdão até que
o Dia se desse. Então, esses locais de reunião eram muito especiais, devendo ser
supertrabalhados pelos tecnartistas;
7. DECORAÇÃO
E URBANIZAÇÃO DE TO:
é preciso pensar que aquela gente tinha 900 anos de vida para fazer coisas.
Geração após geração de sapiens morria, primeiro aos 30, depois os humanos aos
60 ou mesmo aos 90, mas isso era 1 ou 2 ou 3 de 30 (gerações de 30 anos). Num
ano pode-se ter (365,25 dias x 16 horas por dia =) 5.844 horas de vigília, das
quais perto de 3,8 mil podem ser vagas, especialmente para os celestiais, que não
faziam nenhuma tarefa braçal se não quisessem, pois para isso existiam os
servos. Em 900 anos temos perto de (900 x 4,0 mil =) 360 mil horas. Então, eles
cuidavam de cada detalhe e tudo parecia ficar imóvel, para os servos de vida
curta, pois a tudo se dava atenção “demais”, no ritmo deles. Cada casa dos que
iam casar demorava décadas para construir e era cheia de detalhes inumeráveis,
refletindo a vida de cada um, mesmo a dos Puros, muito austeros e empertigados;
8. OS
JARDIM DE TO:
cada planta era cuidada individualmente e os jardins tinham tanta harmonia que
seria de dar inveja a Burle Marx. Cada planta individualmente e o conjunto
delas por suas flores e frutos e a grama que era o quadro onde se inseriam era
tudo visto como uma imensa composição, de que cada casa era um ponto que não
podia destoar, pois produziria dissonância. Com o passar dos séculos isso levou
a uma formalidade extraordinária, a uma fixação que ultrapassava as medidas e
que enrijeceu enormemente Tróia Olímpica. Quando o fim aconteceu em 1,74 mil
antes de Cristo, foi com um suspiro de alívio que tanta beleza rígida e
inviolável, aprisionada no superformalismo de TO, foi finalmente despachada;
9. ARRANJOS
DE FLORES EM TO:
os japoneses não vivem muito mais que os ocidentais, todos dentro da mesma
ordem de grandeza, mas são mais de 125 milhões, então desenvolvem muitos
jardins em suas 3,5 mil ilhas (60 % da área de encostas florestadas). Os atlantes
eram em muito menor número, apenas um por seis mil, mas duravam muito mais e se
dedicavam longos anos a fazer os jardins, com um apuro que ninguém mais pôde
desenvolver desde então, pois eles conheciam naqueles remotos tempos genética
(= CELESTIAL = GEOMETRIA = ATLANTE = CENTRO, etc.)
Em resumo, é preciso dedicar toda
atenção em firmar as miudezas da vida dos celestiais, ligando-as aos nossos
afazeres, dos quais foram, por suposição, as ancestrais racionais. Toda atenção
aos detalhes ainda será pouca, colocando-se no fundo como sustentação
quadro-a-quadro.
Vitória, sábado, 12 de junho de 2004.
ANEXO
Os Vedas, Por Alexandre Perlingeiro
(compactado). Gostaríamos primeiramente de contextualizá-los em relação a
essa filosofia estranha para nós, ocidentais, acostumados ao pensamento
filosófico grego.
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JARDINS NO
JAPÃO
Um país formado por um conjunto de ilhas de geografia
montanhosa e onde habitam dezenas de vulcões ainda ativos, fontes
termais, gêiseres e águas sulfuradas. O Japão possui as estações bem definidas,
onde o clima reflete exatamente na vegetação japonesa, ou seja, é só olhar
para as cores das folhas, ou para os canteiros públicos para saber a estação
atual.
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