sexta-feira, 9 de junho de 2017


O Boff de Mel Gibson


 

                            Em 2004 estreou o filme de Mel Gibson que provocou reações dos judeus como se fosse provocativo e recebeu de Leonardo Boff uma espinafração em A Gazeta (e outros jornais do país, certamente) da página de opiniões nesta semana e que não li inteira, só algumas frases. Seria bom juntá-la no caso de publicação deste texto.

                            Dizem que o filme contém muitas cenas de violência, não assisti ainda, mas é fácil ver o que diz Gibson no fundo: o “dar a outra face” de Jesus não quer dizer humilhação pelos árabes e outros, dos cordeirinhos da cristandade, as vaquinhas de presépio. A mensagem desses que caminharão para o fundamentalismo cristão é simplesmente esta: “parem de bater ou nós vamos reagir”. Porque os libertários, como Leonardo Boff, esquecem-se que a moeda tem duas faces e que o gesto de Jesus é só dele, não é de todos, é simbólico e não quer dizer SEMPRE não-reagir. Dar a outra face uma vez é sinal de apaziguamento, mas dar 10 ou 15 vira chacota. Não é para o Ocidente e a cristandade se recusarem a ver o óbvio. Teria feito sentido dar a outra face aos japoneses na Segunda Guerra Mundial? Ou os japoneses darem a outra face e pedirem para jogarem mais duas?

                            Tudo tem limites e é fácil ver que a continuarem as provocações vai mesmo haver um confronto entre cristãos e árabes.

                            É claro, Gibson, cristão católico australiano da cultura anglo-saxônica está mandando um primeiro recado aos árabes e semitas: “este é o limite, ou pára agora ou vamos sacar a espada e cortar orelhas”. Os anglo-saxões não são como os latinos contemporizadores, eles batem de volta. Quanto às surras em Cristo é para dizer: “estão vendo? Se eles batem em Deus, quando mais em nós”.

                            O recado está dado e as pessoas perceberão.

                            Boff, não.

                            Vitória, segunda-feira, 12 de abril de 2004.

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