Nos
Fundos do Luxuoso Condomínio Paraíso Fica a Favela do Inferno
O mundo era
profundamente mais encantador quando eu não conhecia a soma zero dos pares
polares opostos/complementares.
Quando
se falava do paraíso, sempre jocosamente desenhado como o lugar onde os homens
estariam cercados de mulheres, vivendo no bem-bom, com todo conforto, eu não
podia pensar que o custo disso seria imenso para o Lixão do Céu, lá onde Deus
nunca vai. Se 60 % dos americanos estão obesos, muito além do peso ideal, há muita
gente passando fome. Seria o caso de vermos nas mostras de quadros ou pinturas
um retângulo alvíssimo rodeado de porcarias (isso vai deixar os ricos
angustiados, sentindo-se ameaçados pelos pobretões). Ou um balão todo azulzinho
cercado por tinta vermelha (neste caso seria preciso colar uma hemisfera num
vidro frontal ou de outra forma não se teria idéia, porque a tinta vermelha
ocultaria completamente a tinha azul, produzindo no máximo um marrom). Faltam
essas representações artísticas que podem acontecer nas esculturas e em muitas
outras tecnartes. Imaginando que haja uma única solução, a de Deus, em que
TODOS possam ser limpinhos, belos, corretos e de corpo e mente perfeita, para
todos os outros o significado é sempre que nos fundos dos condomínios luxuosos
da Barra da Tijuca no Rio de Janeiro se acumularão as favelas.
Quando
nos programas de governo forem prometidos mundos e fundos, pergunte o que está
oculto além dos biombos da propaganda. Quando os políticos do Legislativo, os
governantes do Executivo, os juizes do Judiciário estiverem prometendo
soluções, pergunte pelos problemas, pois por trás dos discursos alguém está
pagando o preço. É claro que o povo não tem tempo de fazer essas perguntas e as
pesquisas que elas demandam; porisso as elites responsáveis devem expor as
debilidades das irresponsáveis, o que corresponde fazer corresponder às
promessas o custo de seu cumprimento. Se tanto de bom é prometido, quem pagará
o custo do ruim? Pois para todo brilho há acolá uma escuridão que será paga por
alguém.
E assim saberemos da
presença de Deus: será aquele que não deixar rastro de sujeira.
Vitória,
quinta-feira, 08 de abril de 2004.
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