quinta-feira, 1 de junho de 2017


Lar do Professor

 

                            Naturalmente a burguesia tem língua dupla, é uma cobra com duplilingua, como no 1984, de Orwell, na teoria do Grande Irmão: fala da importância da educação e dos professores, mas não dá verbas para a primeira nem prestigia o segundo. É uma vergonha total e responde pelo fracasso brasileiro em quase todas as áreas, fora aquelas em que, justamente, tanto dão recursos ao ensinaprendizado quanto elevam o professorado.

                            Vejo por aí bibliotecas e museus, que são depósitos, tomados que são como estáticos, vejo revistas em bancas estimulando o ensino, mas em nenhuma parte vejo realmente algo que se destine à PESSOA (indivíduo, família, grupos e empresas envolvidas com educação), particularmente AO PROFESSOR E À PROFESSORA, enquanto gente, seres com sentimentos e razões, a eles e a eles, para agradecer sua tarefa de educar a humanidade.

                            Neste sentido, o que peço são casas mesmo onde os professores possam ir tomar café e suco, nem que seja pago, encontrar seus colegas, falar da profissão e das dificuldades do dia-a-dia, conhecer a realidade de outros estados, ler revistas de educação e outros assuntos, simplesmente falar e ser ouvido, encontrar um ambiente camarada, de seus iguais, de pais e mães que também podem visitar, de alunos que irão ver o outro lado da história, onde se possa debater a geo-história do ensinaprendizado e dos mestres e mestras, onde eles e elas sejam aceitos e estimulados, enfim.

                            Não há porque não ganhar dinheiro com isso, pelo contrário, é condição de sustentação e de abrir franquias por todo o Brasil e pelo mundo. Bem planejado pode se tornar poderoso auxiliar, até colocando salas com psicólogos que os ouçam, fazendo mesmo aquele trabalho que os sindicatos deveriam estar realizando.

                            Sinto falta disso, embora eu não seja professor; mas se tem uma coisa de que eu gostaria de ser chamado (quando me confundem e me chamam de professor fico satisfeito) seria disso, porque é uma grande honra.
                            Vitória, terça-feira, 23 de março de 2004.

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