Lar do Professor
Naturalmente a
burguesia tem língua dupla, é uma cobra com duplilingua, como no 1984, de Orwell, na teoria do Grande
Irmão: fala da importância da educação e dos professores, mas não dá verbas
para a primeira nem prestigia o segundo. É uma vergonha total e responde pelo
fracasso brasileiro em quase todas as áreas, fora aquelas em que, justamente,
tanto dão recursos ao ensinaprendizado quanto elevam o professorado.
Vejo por aí
bibliotecas e museus, que são depósitos, tomados que são como estáticos, vejo
revistas em bancas estimulando o ensino, mas em nenhuma parte vejo realmente
algo que se destine à PESSOA (indivíduo, família, grupos e empresas envolvidas
com educação), particularmente AO PROFESSOR E À PROFESSORA, enquanto gente,
seres com sentimentos e razões, a eles e a eles, para agradecer sua tarefa de
educar a humanidade.
Neste sentido, o que
peço são casas mesmo onde os professores possam ir tomar café e suco, nem que
seja pago, encontrar seus colegas, falar da profissão e das dificuldades do
dia-a-dia, conhecer a realidade de outros estados, ler revistas de educação e
outros assuntos, simplesmente falar e ser ouvido, encontrar um ambiente
camarada, de seus iguais, de pais e mães que também podem visitar, de alunos
que irão ver o outro lado da história, onde se possa debater a geo-história do
ensinaprendizado e dos mestres e mestras, onde eles e elas sejam aceitos e
estimulados, enfim.
Não há porque não
ganhar dinheiro com isso, pelo contrário, é condição de sustentação e de abrir
franquias por todo o Brasil e pelo mundo. Bem planejado pode se tornar poderoso
auxiliar, até colocando salas com psicólogos que os ouçam, fazendo mesmo aquele
trabalho que os sindicatos deveriam estar realizando.
Sinto falta disso,
embora eu não seja professor; mas se tem uma coisa de que eu gostaria de ser
chamado (quando me confundem e me chamam de professor fico satisfeito) seria
disso, porque é uma grande honra.
Vitória,
terça-feira, 23 de março de 2004.
Nenhum comentário:
Postar um comentário